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Carreira23 dezembro 2025

Conflitos em equipes médicas: 5 práticas de comunicação para evitar tensões

Estudos demonstram, por exemplo, que durante cada cirurgia surgem, em média, 4 conflitos entre os membros da equipe. Como lidar com isso?

Ambientes de alta pressão, diferentes formações e experiências profissionais, decisões clínicas complexas, jornadas de trabalho extensas, corridas contra o tempo para salvar vidas… provavelmente todos nós, médicos, já vivenciamos, ou fomos os responsáveis, por conflitos entre equipe médicas ou multiprofissionais. Eles são quase sempre inevitáveis e os fatores para justificar a presença deles também são os mais  diversos possíveis.

Estudos demonstram, por exemplo, que durante cada cirurgia surgem, em média, 4 conflitos entre os membros da equipe envolvendo cirurgiões, anestesiologistas e outros profissionais de saúde. Além disso, pelo menos 20% do tempo do médico gestor desses ambientes é gasto lidando com essas tensões. Números altos, não é? E olha que nem estamos falando daqueles tradicionais conflitos da copinha, sobre quem pegou o lanche do residente que estava na geladeira.

Os conflitos entre equipes que são mal gerenciados podem levar a erros clínicos e falhas na comunicação de informações importantes durante o plantão, o que afeta também a segurança do paciente. A satisfação e o bem-estar da equipe também são comprometidos e é aí que temos um ambiente fértil para casos de  estresse no trabalho, burnout e rotatividade de profissionais por não se sentirem bem dentro do local de trabalho.

Esse é o motivo pelo qual saber como lidar com conflitos precisa ser uma habilidade médica tão importante quanto qualquer outro conhecimento ou competência técnica da prática médica. Mas, me conta, você lembra de ter aprendido algo sobre uso na faculdade?

Principais causas de conflitos em equipes médicas

Os principais motivos de conflito em equipes médicas ou multiprofissionais normalmente estão relacionados a falhas de comunicação, má definição dos papéis de cada pessoa dentro da equipe, diferenças de crenças e valores individuais, dificuldade em lidar com emoções e complexidade técnica que envolve as diferentes áreas da saúde.

Ainda podemos incluir nessa lista a pressão por decisões rápidas a que estamos expostos todos os dias, a falta de recursos de muitos locais de trabalho,os processos burocráticos e o pouco reconhecimento recebido pelo serviço prestado.

Entender as causas é o primeiro passo para evitar as interações disfuncionais e tentar transformá-las em oportunidades de melhorias, mas só isso não é suficiente. Nós, médicos, precisamos saber como prevenir os conflitos frequentes na nossa prática e também como abordá-los de forma resolutiva depois que acontecem.

Boas práticas de comunicação para prevenir conflitos 

A comunicação é a base para que qualquer equipe médica ou multidisciplinar tenha um bom entrosamento. No dia a dia corrido dos plantões, as mensagens confusas, falta de clareza nas solicitações e ausência de diálogo entre a equipe podem ser motivos para começarem as tensões. A seguir, você confere algumas boas práticas de comunicação que podem ser incorporadas à rotina para evitar futuros conflitos:

  1. Comunique-se com objetividade

Um dos principais motivos de desentendimentos entre equipes com profissionais com perfis tão diversos são os mal-entendidos ou falhas de interpretação do que foi comunicado. Como médicos devemos sempre avaliar a forma de transmitir informações, principalmente durante reuniões ou procedimentos. Usar frases diretas e evitar termos ambíguos ao conversar com colegas é uma boa estratégia.

  1. Expresse necessidades e limites de forma clara e respeitosa.

A boa comunicação ajuda o médico a resolver as tensões rapidamente sem posturas de agressividade ou passividade. Por exemplo, em vez de uma crítica direta ou de um comentário feito em tom de irritação para um colega, podemos expressar o que deve ser feito com frases como: Percebi atraso na entrega do exame. Podemos revisar o fluxo para evitar que isso se repita no futuro e afete os pacientes?

  1. Valorize sempre a escuta ativa

Prestar atenção ao que o outro está falando é um dos princípios da boa comunicação. Em ambientes médicos a escuta ativa é ainda mais importante porque ajuda a mostrar respeito e a fortalecer o diálogo, evitando suposições precipitadas. Além de dar atenção ao que os colegas falam, evite interromper durante a explicação e ao final confirme o se você entendeu o que foi falado.

  1. Dê feedbacks construtivos

Corrigir os comportamentos mais conflituosos sem gerar ressentimentos é a forma que podemos, como médicos, contribuir para que o ambiente seja mais tranquilo. Mas isso não é nem um pouco fácil. Por isso, modelos de feedbacks estruturados como SBI (Situational Behavior Impact) ajudam a dar retornos objetivos para a equipe, sem julgamentos pessoais e generalizações, valorizando novos aprendizados.

  1. Promova ambientes de cultura de abertura

O ambiente de trabalho das equipes médicas deve ter sempre foco na segurança, por isso é importante que todos tenham liberdade e confiança para expressar preocupações e dúvidas. Como médicos, devemos contribuir para que a cultura do local de trabalho seja moldada pela transparência e receptividade de diálogo em relação a todas as questões que envolvam a equipe.

E como resolver conflitos inevitáveis

Saber como evitar os conflitos é mais eficiente do que deixar apenas para resolvê-los depois que acontecem. Seja você o médico que está na liderança da equipe, ou não, tenha sempre um olhar atento aos sinais sutis que podem indicar possíveis interações disfuncionais entre os colegas. Observe posturas de resistência ou tensão entre a equipe em determinados assuntos e os comentários críticos recorrentes que podem indicar que algo não está bem.

Tenha também o foco sempre no problema, e não nas pessoas da equipe, separando o lado pessoal do comportamento que está gerando algum conflito. Nessas horas, a estratégia mais importante é sempre tentar compreender as perspectivas e experiências de todos os membros da equipe.

Autoria

Foto de Juliana Karpinski

Juliana Karpinski

Editora médica assistente de Carreira da Afya. Médica e Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). MBA em Gestão Estratégica pela UFPR.

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