A Síndrome de Burnout é uma mistura de exaustão, despersonalização e insatisfação associadas a reações negativas às condições de trabalho.
Os sintomas psicológicos incluem incapacidade de se sentir feliz, desesperança, sentimento de sobrecarga, frustração crônica, intolerância, impaciência, desengajamento e empatia reduzida. Já os sintomas físicos incluem fadiga crônica, insônia, tensão muscular, dor de cabeça e alterações gastrointestinais.
No ambiente de terapia intensiva, essa síndrome afeta entre 30 e 40% dos profissionais de enfermagem, 45% dos médicos intensivistas adultos e até 70% dos intensivistas pediátricos. Os profissionais menos experientes e que ainda estão em treinamento parecem ter um risco particularmente maior de desenvolver burnout.
As consequências também existem para pacientes e familiares: algumas metanálises sugeriram que em ambientes com profissionais em burnout houve redução da qualidade do cuidado, menor satisfação e maior desumanização, além de, possivelmente, maior mortalidade.
Como identificar os sintomas de burnout?
Embora você provavelmente tenha orgulho de ser um profissional de medicina intensiva, o trabalho com frequência o deixa cada vez mais esgotado? Você se sente ressentido com os pedidos de “intervenções fúteis”? Você não deseja lidar com a raiva e a dor dos outros? Seu trabalho faz você se sentir cronicamente desconectado, desencantado e desvalorizado?
Se você respondeu “sim” para uma ou mais dessas perguntas, você deveria investigar a possibilidade de estar desenvolvendo a síndrome. Para isso, diversas ferramentas podem ser utilizadas, e uma das mais difundidas é o Inventário de Burnout de Maslach (MBI), que foi projetado para avaliar a Síndrome de Burnout em trabalhadores através de autoavaliação.
Existem diversos fatores envolvidos no desenvolvimento da Síndrome de Burnout: pessoais (baixa qualidade de vida, crises familiares, falta de descanso, depressão); relacionados ao ambiente de trabalho (longas jornadas, liderança fraca, condições de trabalho ruins relacionadas à estrutura, insumos e ambiente físico); e ao relacionamento entre os membros da equipe.
Promoção do bem-estar
Sendo assim, deixamos aqui sugestões que podem melhorar o bem-estar do profissional e do ambiente de trabalho em uma UTI:
- Manter o ambiente limpo, organizado e silencioso. Isso facilita e agiliza os processos que, muitas vezes, devem ser realizados de forma rápida e precisa;
- Organizar períodos de pausa onde os diversos profissionais possam se revezar para descansar, fazer um lanche ou conversar sobre assuntos diversos. Isso estimula a interação da equipe, melhora o relacionamento interpessoal e permite que a tensão seja amenizada;
- Ter ambientes reservados, calmos e tranquilos para conversas difíceis. A exposição dos familiares e do profissional durante uma conversa sobre agravamento, terminalidade ou óbito pode piorar a tensão, dificultar o diálogo e causar possíveis ruídos de comunicação;
- Ter uma liderança que transmita segurança, confiança e apoio, que estimule o crescimento profissional individual e que priorize o cuidado aos pacientes mais do que os indicadores. O líder deve corrigir e orientar sem diminuir ou humilhar a sua equipe;
- Falando do indivíduo, a prática de exercícios físicos regulares, alimentação, ingesta hídrica adequadas e o sono devem ser priorizados. Evitar o excesso de plantões noturnos, expor-se à luz do sol em alguns períodos do plantão diurno, evitar alimentos não saudáveis e lembrar de beber água, mesmo nas baixas temperaturas de uma UTI;
- Priorizar tempo com família e amigos, permitir-se descansar e entender que a sua vida não se resume apenas ao trabalho.
Lembre-se: comprometimento não significa sacrifício!
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