Nunca houve tantos médicos em atividade no Brasil. Em 2025, são 635 mil profissionais em atuação, e a previsão é de que o número ultrapasse 1,15 milhão até 2035. Esse crescimento, no entanto, não significa que todos estejam satisfeitos ou realizados com a profissão. De acordo com levantamento do Research & Innovation Center da Afya, feito com 1.074 médicos*, apenas 16% dizem estar no auge da carreira. O que esses profissionais têm em comum?
Formação e experiência acumuladas
O caminho até esse ponto é longo. O estudo mostra que o tempo médio de formação até o auge é de 31 anos de prática, o que inclui décadas de atuação clínica após a graduação. Outro traço marcante é a qualificação: 94% dos médicos realizados já concluíram pelo menos uma especialização. Em um cenário de avanços rápidos na medicina, a atualização constante é vista como condição indispensável para sustentar uma carreira sólida.
O peso da autonomia profissional
Autonomia também aparece como fator decisivo. Boa parte dos médicos que se consideram no auge atua em consultórios e clínicas próprias (37%), enquanto outros trabalham em hospitais (35%) ou em clínicas de terceiros (27%). Entre os que ainda não chegaram lá, 70% acreditam que abrir o próprio consultório é a chave, e 42% veem no empreendedorismo em saúde um passo fundamental.
Esse desejo de independência reflete a busca por maior controle da rotina, da agenda e até da forma de lidar com os pacientes, algo que contrasta com a sobrecarga vivida em emergências e hospitais públicos.
Desafios e frustrações
Para a maioria, alcançar o auge ainda é um projeto distante. As principais barreiras são a falta de recursos para investir em um negócio (61%) e a necessidade de formação complementar (48%). Esses entraves mostram que a realização na medicina não depende apenas de competência técnica, mas também de condições estruturais.
Já entre os insatisfeitos com a carreira (cerca de 46% dos entrevistados) predominam queixas sobre remuneração considerada baixa (65%) e desgaste físico ou emocional (51%). Profissionais da emergência, da atenção primária e de hospitais estão entre os mais afetados.
Um retrato do futuro da profissão
O perfil do médico que atinge o auge hoje no Brasil pode ser resumido em três pontos:
- Experiência;
- Especialização;
- Autonomia no exercício da profissão.
São médicos que consolidaram sua formação, conquistaram espaço próprio de atuação e conseguiram equilibrar estabilidade financeira com satisfação pessoal.
Para quem está no início da trajetória, esse retrato serve menos como um destino único e mais como um mapa de possibilidades. O auge não é apenas questão de tempo ou de diplomas, mas do conjunto de escolhas que cada médico faz ao longo da carreira, desde onde trabalha até como decide organizar sua prática.
*Material desenvolvido com base na apresentação do Dr. Eduardo Moura, Diretor do Research Center da Afya, a partir de informações obtidas por meio de pesquisa feita em agosto de 2025 com 1.074 médicos brasileiros.
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