A medicina não faz o homem imortal, porém o ensina a viver da melhor maneira possível durante o tempo que lhe foi concedido. A frase de Platão ecoa ainda mais fortemente hoje em dia, quando o assunto é empreendedorismo médico.
A cada ano, mais profissionais buscam não apenas a cura para doenças, como meios de proporcionar uma vida mais plena e significativa para seus pacientes, seja através do uso de tecnologias ou de uma prática mais humanizada da medicina.
Para entender melhor esse cenário, conversamos com a Dra. Cecília Pereira. Em parceria com outras quatro médicas negras, Dra. Cecília fundou Grupo Ifé Medicina, onde oferecem consultas especializadas com foco na história de cada paciente.
Representatividade e equidade
“A representatividade torna palpável aquilo que está no imaginário. Ela inspira e motiva projetos que muitas vezes sofrem questionamentos alheios. Ter pessoas que abriram o caminho faz com que a gente já saia de um ponto de partida diferente”, diz a ginecologista.
Com a afirmação, ela deixa claro que, ao verem profissionais negros em posições de destaque, outros indivíduos se sentem encorajados a seguir os mesmos passos.
Empreendedorismo feminino
O crescimento do empreendedorismo feminino na medicina é outro aspecto relevante dessa nova era. Para Dra. Cecília, o aumento expressivo do número de médicas mulheres no Brasil, previsto para 2024, de acordo com o Demografia Médica, reforça essa tendência.
“Temos mulheres chefes de família, que desejam manter sua autonomia e com visão de negócios. O empreendedorismo permite que elas conquistem por si mesmas a equidade salarial de maneira mais simplificada”, destacou. Este avanço não só fortalece a presença feminina na liderança do setor, como também rompe barreiras de gênero.
Diversidade e humanização
Na visão da médica, a diversidade racial, sexual e de gênero no corpo médico tem sido um motor para um atendimento mais empático e humanizado.
“Empatia é a capacidade de se identificar com outra pessoa e sentir o que ela sente. Na saúde, isso pode ser um facilitador para não traçarmos condutas exclusivamente técnicas, pois a medicina também exige humanização”, explicou a Dra. Cecília.
A diversidade, portanto, permite que médicos compreendam melhor as vivências e as necessidades dos pacientes, além de promover um ambiente de cuidado mais inclusivo.
Ativismo
A trajetória de Dra. Cecília é marcada pelo seu ativismo em prol da saúde da população negra, algo que, para ela, se entrelaça naturalmente com a prática médica.
“Empreendermos na medicina já é resistência e militância. A militância pode ocorrer de diversas formas: criando leis, garantindo direitos ou apenas existindo em um local que outrora era visto como um não lugar para nós”, afirmou, frisando que a Ifé, por ser composta exclusivamente por médicas negras, já é um símbolo de resistência e transformação no setor.
Presença da ausência
Para muitas médicas negras, a ausência de referências durante a formação acadêmica foi marcante. Dra. Cecília relembra que, ao longo de 12 períodos de medicina, teve uma única referência de professora médica negra.
“Minha consciência racial foi se concretizando com o tempo, me mostrando que nós éramos poucas, porém possíveis”, afirma.
Essa falta de representatividade, apesar de impactante, foi um estímulo para que ela seguisse adiante, servindo hoje de inspiração para uma nova geração de jovens negras.
A clínica
Com apenas três anos de existência, a Ifé – que no idioma iorubá significa “amor” – já é referência de inovação e empreendedorismo médico. No entanto, nem por isso suas fundadoras podem descansar e achar que é uma batalha ganha.
“É necessário pavimentarmos bem, criarmos raízes e termos maturidade. Tratamos de um negócio, mas o bem administrado em questão são vidas”, diz.
Com uma visão cautelosa, mas otimista, a clínica busca expandir seu impacto no futuro sem perder de vista a qualidade do atendimento e o compromisso com a saúde da população negra.
Na visão da Dra. Cecília, essa nova era do empreendedorismo médico, guiada pela representatividade e pela diversidade, promete não só transformar a medicina, mas também criar um sistema de saúde mais inclusivo, humanizado e justo para todos.
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