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Cardiologia28 setembro 2020

Testes para Covid-19: como usar e como interpretar?

Conforme as evidências de detalhes vão surgindo sobre a Covid-19, também novas dúvidas aparecem, principalmente sobre os testes disponíveis.

Conforme as evidências vão surgindo e dando mais detalhes ao que já se sabe sobre o novo coronavírus, também novas dúvidas aparecem. Em alguns casos, observados tanto no Brasil quanto no exterior, certos pacientes apresentaram testes de PCR para o vírus da Covid-19 persistentemente positivos mesmo depois de desaparecidos os sintomas. Inicialmente, muitos pesquisadores e profissionais da saúde encararam tais casos como “infecções prolongadas”, apesar da aparente resolução da doença.

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Médica analisa amostra coletada para teste diagnóstico de Covid-19

Diferenças entre os testes

Por esses e outros motivos, ainda há muita dúvida quanto ao uso dos testes diagnósticos para Covid-19 e como interpretá-los. Até o momento, existem dois tipos de teste amplamente disponíveis para a doença: os testes moleculares e os sorológicos. No primeiro tipo, a pesquisa é feita através de técnicas de replicação de DNA para identificação do material genético viral (mais comumente, o RT-PCR). Já no segundo, que pode ser realizado em fora de teste-rápido ou com amostra de sangue, a identificação é de anticorpos (IgM e IgG) contra o vírus.

Um ponto de confusão comum é o momento para usar cada um desses testes. Ao contrário do que muitas vezes é feito, os testes sorológicos não servem para diagnóstico. Além do maior risco de resultados falso positivos ou falso negativos, esses exames evidenciam a atividade imune contra o vírus, porém sem comprovar de fato a infecção. A sensibilidade desses testes varia de 85 a 95%, aproximadamente, conforme a marca utilizada (algumas chegam a sensibilidade de 100% para o IgG). A própria fisiopatologia e resposta imune ao novo coronavírus, porém, explicam a ineficácia de tais testes para o diagnóstico.

Testes sorológicos

Os títulos de IgM só são detectáveis no soro a partir do 4º dia de sintomas, atingindo seu pico em aproximadamente 20 dias para, então, começar a cair (na maioria dos casos, os títulos já são indetectáveis 4 semanas após o início dos sintomas). Consequentemente, testes realizados antes de 4 dias do início dos sintomas ou simplesmente após uma exposição terão resultado negativo sem necessariamente confirmar se a pessoa está de fato infectada ou não. Da mesma forma, testes realizados 20 dias após o início dos sintomas (quando muitos pacientes já estão curados e não transmitem mais a doença) terão resultado positivo mesmo que a infecção já esteja resolvida.

Os títulos para IgG, por sua vez, são detectáveis a partir do 7º dia de sintomas e atingem o pico em 25 dias, mantendo-se positivos por longos períodos de tempo a partir de então. Além disso, indivíduos com versões leves ou assintomáticas da doença podem não produzir esses anticorpos em quantidades suficientes, gerando títulos indetectáveis e aumentando a chance de falsos negativos.

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RT-PCR

Já os testes moleculares, como o RT-PCR, detectam partículas virais em swabs de mucosa nasal ou orofaríngea e, portanto, são os responsáveis por confirmar o diagnóstico. Eles estão indicados em pacientes com sintomas, anticorpos positivos na ausência de sintomas ou quaisquer outras situações em que o objetivo seja detectar, de fato, a infecção (ex: retorno a alguns tipos de trabalho, campanhas etc). Nesse caso, o teste pode permanecer positivo até 3 meses depois da infecção. Apesar da presença de partículas virais nas mucosas, o paciente não é mais infectante após o período de isolamento. Atualmente, já ficou claro em evidências que o período de transmissão para os casos leves a moderados é de 10 dias a partir do início dos sintomas, enquanto que, para os casos graves, esse período é de 20 dias a partir do surgimento dos sintomas.

O conhecimento dessas particularidades é importante para o uso consciente dos testes, além de evitar interpretações errôneas que podem gerar consumo desnecessário de recursos. Além disso, é importante ressaltar aos pacientes que a realização de testes por conta própria pode ser tão prejudicial quanto a automedicação e, portanto, a procura por opinião profissional é essencial (mesmo que por telefone ou meio virtual).

Referências bibliográficas:

 

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