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Você está de plantão no andar e a equipe de saúde te chama para avaliar uma idosa com 190/90 mmHg, em pré-operatório de colecistectomia. Não há sintomas e o exame físico é normal. No outro dia, um paciente de 50 anos liga, relatando um mal estar com cefaleia e, ao aferir a PA, estava 160/100 mmHg.
Essas e muitas outras são cenas corriqueiras do seu dia a dia. Nestas situações, os pacientes estão sob risco? É necessário medicá-los? Se sim, como?
Um pesquisador americano, Samuel Mann, se dedicou a estudar HAS, com foco nestes episódios de elevação súbita e repentina da PA. Um dos seus artigos é bem didático e foi a base para nossa revisão.
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A pressão arterial varia batimento a batimento e os principais fatores determinantes são a idade, a rigidez arterial, volemia, atividade do sistema renina e, principalmente, do sistema simpático. Estuda-se se a variabilidade da PA na mesma consulta ou entre as consultas pode ser marcador de maior risco para eventos cardiovasculares. Mas no nosso texto vamos falar da prática no cotidiano.
Passo 1: meça a PA três vezes, com paciente calmo e técnica adequada. A primeira medida tende a ser mais alta, mesmo em casa. É a chamada reação de alarme. Recomenda-se utilizar a média das duas últimas medidas como parâmetro para guiar o tratamento.
Passo 2: procure fatores desencadeantes. Má adesão ao tratamento, dieta com muito sódio e estresse emocional são os mais comuns. Há duas opções:
- Hipertensão lábil: a crise hipertensiva está associada a estresse emocional.
- Hipertensão Paroxística ou pseudofeocromocitoma: não há estresse emocional e o paciente é mais sintomático, com palpitações, cefaleia e sudorese (daí a semelhança com feocromocitoma). As crises são intermitentes e podem causar ansiedade ou fobia.
Passo 3: exclua feocromocitoma pela dosagem das metanefrinas, plasmáticas e/ou urinárias.
Passo 4: institua tratamento conforme figura abaixo.
Observação: apesar do carvedilol possuir propriedades alfa e betabloqueadoras, o autor recomenda a associação de um beta seletivo, bisoprolol ou atenolol, com um bloqueador alfa. Além disso, a literatura americana sempre fala do labetalol, mas que não temos no Brasil.
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