Há poucos dias, o Ministério da Saúde anunciou que recomendaria a cloroquina e a hidroxicloroquina para o tratamento das formas graves de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Os fundamentos científicos são escassos, baseados em uma pequena meta-análise e um estudo francês com redução de viremia, mas mesmo assim ganharam muito destaque na imprensa, como noticiamos previamente no Portal.
Hidroxicloroquina para coronavírus
O problema é que essa semana foi noticiado e muito difundido no aplicativo Whatsapp outro estudo chinês no qual os resultados foram negativos. Chen e colaboradores randomizaram 30 pacientes para receber hidroxicloroquina 400 mg/dia versus placebo.
Os doentes apresentavam formas sintomáticas, porém não graves de Covid-19, com uma média de idade de 60 anos e cerca de seis a sete dias do início dos sintomas.
Os resultados mostraram que a duração dos sintomas, o tempo até resolução da febre e a negatividade da viremia não diferiram entre os grupos de intervenção e placebo. O problema é que, além do diminuto tamanho amostral, a dose utilizada foi baixa, bem como não incluíram doentes graves.
Desse modo, na prática nada muda: continuamos com pouca evidência e muita fé no uso de cloroquina para tratar as formas graves de Covid-19.
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Referência bibliográfica:
- CHEN J, et al. A pilot study of hydroxychloroquine in treatment of patients with common coronavirus disease-19 (COVID-19). J Zhejiang Univ (Med Sci) 2020, Vol. 49 Issue (1): 0-0 DOI: 10.3785/j.issn.
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