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Cardiologia11 janeiro 2022

Micra, o menor marca-passo do mundo chega ao Brasil

Chegou ao país o primeiro dispositivo sem condutores elétricos, considerado o menor marca-passo do mundo. Veja mais no Portal PEBMED.

Por Úrsula Neves

Chegou ao país o primeiro dispositivo sem condutores elétricos, considerado o menor marca-passo do mundo. Trazido ao Brasil pela empresa americana Medtronic, o equipamento impressiona pelo tamanho: são apenas 20mm de comprimento, similar a uma cápsula de vitamina, pesando menos de 2g, o que permite que o implante seja minimamente invasivo. 

“Felizmente essa tecnologia chegou ao país! Trata-se de uma grande revolução e aguardada há muitos anos pelos profissionais da área. Diversos procedimentos com o Micra foram realizados em outros países, mostrando-se muito seguro e com baixas taxas de complicações durante os procedimentos. O dispositivo é o mais revolucionário do mercado e, no Brasil, há poucos especialistas aptos a implantar esse equipamento, que será introduzido pelo acesso femoral”, comemorou o cardiologista Carlos Eduardo Duarte, especializado em estimulação cardíaca da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED. 

E complementou afirmando ser um procedimento que traz menos riscos para os pacientes. “A expectativa é que reduza ou zere algumas das complicações causadas pelos tradicionais marca-passos. Alguns casos levam até a necessidade de extração dos eletrodos.Outro ponto é que a cirurgia é minimamente invasiva, não exigindo cortes. O procedimento com o Micra é mais qualitativo e simples de ser conduzido”, disse o cardiologista. 

Cerca de 300 mil brasileiros utilizam marca-passos no país e 49 mil realizam o implante deste tipo de dispositivo por ano, segundo dados do último Censo Mundial de Marca-passos e Desfibriladores, realizado em 2019.

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marca-passo

Mais vantagens 

Os marca-passos tradicionais deixam uma elevação visível na pele na região acima do coração. No caso deste modelo apelidado de Micra, a discrição é preservada, proporcionando liberdade aos pacientes que não ficam com traumas estéticos e podem praticar exercícios físicos com maior tranquilidade. 

Outra vantagem é que a falta de eletrodos reduz o risco de infecção grave causada pelo contato dos cabos com a corrente sanguínea e elimina as infecções da pele do tórax no local do implante, uma vez não é raro alguns pacientes precisarem fazer a extração dos cabos-eletrodos por conta do grau de infecção, microfraturas ou tromboses causadas pelos extensos eletrodos. 

Entretanto, a maior vantagem desse micro marco-passo está na performance do equipamento, e de como o sistema venoso fica preservado para uma possível necessidade de tratamentos futuros, como hemodiálise ou quimioterapia. 

Outro benefício é a durabilidade da bateria, de até 12 anos. A maioria dos dispositivos convencionais possui, em média, durabilidade apenas de seis a oito anos.

Principais indicações 

O Micra é indicado para reverter qualquer diminuição da pulsação cardíaca que coloca a vida do paciente em risco, por conta de complicações de saúde que não poderiam implantar o marca-passo convencional. 

Porém, esse marca-passo também é indicado para qualquer redução da pulsação cardíaca que dê indícios de riscos para o paciente. “O ser humano nasce com o ritmo normal de 150 batimentos por minuto. Com o passar dos anos, essa frequência costuma cair. Se chegar a menos de 50 batidas por minuto, pode ser indício de uma bradicardia e merece atenção. No entanto, nem toda bradicardia necessitará de reversão. É preciso considerar a rotina do paciente, se é um atleta ou uma pessoa sedentária, para diagnosticar a necessidade da implantação do marca-passo”, esclareceu o cardiologista Carlos Eduardo Duarte. 

O especialista destacou ainda que a necessidade de implantação de marca-passos tem aumentado com o envelhecimento da população. “No Brasil ainda impera um falso conceito de uso de marca-passo somente como a última opção terapêutica. Se comparado aos países vizinhos, Argentina e Uruguai, o número de implantes do país é significativamente menor, o que reflete diretamente no aumento de doenças cardíacas e óbitos. É importante ressaltar três pontos para conscientizar a população. Primeiro, a maioria dos óbitos causados por diminuição da frequência cardíaca poderia ser evitada. Segundo, houve uma evolução no processo de implantação de marca-passos, uma vez que não é preciso abrir a caixa torácica e agora também dispensará os cabos-eletrodos. Terceiro, o marca-passo não é um vilão, muito pelo contrário, depois de implantado há uma melhora significativa na disposição e qualidade de vida, além de prevenir fatalidades”, ressaltou o médico da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Custo da tecnologia 

Um procedimento para implante de marca-passo convencional custa em média R$ 25 mil. Já com o Micra pode chegar a cinco vezes esse valor. 

“Ter uma inovação desta magnitude no hospital valoriza tanto a instituição, por trazer uma técnica de alta performance para o paciente, que mesmo sem estar no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi coberta pelo plano de saúde nesta sua primeira cirurgia na capital paulista em nosso hospital”, concluiu o cardiologista Carlos Eduardo Duarte.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED 

Referências bibliográficas:

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