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Uma estratégia invasiva de rotina é recomendada para pacientes com síndromes coronarianas agudas sem elevação do segmento ST (non-ST-elevation acute coronary syndromes, NSTE-ACS). No entanto, o momento ideal da estratégia invasiva não está claramente definido. Até o momento, ensaios clínicos individuais não foram suficientes para detectar um efeito sobre a mortalidade.
De acordo com uma metanálise publicada recentemente no Lancet, uma estratégia invasiva precoce em pacientes com NSTE-ACS não reduz necessariamente a mortalidade em comparação com uma estratégia tardia.
Para a metanálise foram identificados ensaios clínicos randomizados que compararam a estratégia invasiva precoce versus tardia em pacientes que apresentaram NSTE-ACS. As buscas foram realizadas no MEDLINE, Cochrane Central Register of Controlled Trials e Embase até dezembro de 2016.
Como critérios de inclusão foram considerados ensaios que relataram mortalidade por todas as causas pelo menos 30 dias após a randomização no hospital e para os quais os investigadores do estudo concordaram em colaborar.
Foram excluídos ensaios clínicos com randomização pré-hospitalar e aqueles que compararam uma estratégia invasiva de rotina com uma estratégia invasiva seletiva ou intervenção coronária percutânea precoce versus tardia.
Foram incluídos oito ensaios (n=5.324 pacientes) com uma mediana de acompanhamento de 180 dias (intervalo interquartil: 180-360).
Os dados para mortalidade por todas as causas e infarto do miocárdio não-fatal foram completos para todos os pacientes. No total, 277 (5%) de 5.324 pacientes morreram durante todo o período de acompanhamento. Destes, 121 (44%) óbitos ocorreram durante o tratamento hospitalar e 156 (56%) após a alta hospitalar.
No geral, não houve redução significativa da mortalidade no grupo invasivo precoce em comparação com o grupo invasivo tardio (hazard ratio [HR]: 0,81; intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,64 a 1,03; p=0,0879).
Em análises pré-especificadas de pacientes de alto risco, foi observada menor mortalidade com estratégia invasiva precoce em pacientes com biomarcadores cardíacos elevados na linha de base (HR: 0,761; IC 95%: 0,581 a 0,996), diabetes (HR: 0,67; IC 95%: 0,45 a 0,99), escore de risco GRACE maior do que 140 (HR: 0,70; IC 95%: 0,52 a 0,95) e idade maior do que 75 anos (HR: 0,65; IC 95%: 0,46 a 0,93), embora os testes de interação não tenham sido conclusivos.
O estudo concluiu, portanto, que uma estratégia invasiva precoce não reduz a mortalidade em comparação com uma estratégia invasiva tardia em pacientes com NSTE-ACS. Entretanto, uma estratégia invasiva precoce poderia reduzir a mortalidade em pacientes de alto risco. Novos estudos em larga escala são necessários para a obtenção de evidências definitivas se uma estratégia invasiva precoce é benéfica em comparação com uma estratégia invasiva tardia nos subgrupos de alto risco.
Veja também: ‘O que fazer quando a SCA complica com um bloqueio atrioventricular?’
Referências:
- Jobs A, Mehta SR, Montalescot G, et al. Optimal Timing of an Invasive Strategy in Patients With Non-ST-Elevation Acute Coronary Syndrome: A Meta-Analysis of Randomized Trials. Lancet. 2017 Aug 19;390(10096):737-746. doi: 10.1016/S0140-6736(17)31490-3. Epub 2017 Aug 1.
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