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Cardiologia27 setembro 2023

Entenda de uma vez por todas o Pulso Venoso!

Ao pensarmos no pulso venoso, devemos pensar em um cateter logo na entrada do átrio direito, medindo as pressões naquele ponto, que variam de forma fisiológica conforme o ciclo cardíaco. E o que vamos…

Por Lucas Aguiar

Ao pensarmos no pulso venoso, devemos pensar em um cateter logo na entrada do átrio direito, medindo as pressões naquele ponto, que variam de forma fisiológica conforme o ciclo cardíaco. E o que vamos fazer aqui é tentar interpretar de forma direta o que significa cada pico e vale da curva do pulso venoso.

A melhor forma de avaliar o pulso venoso é com o paciente elevado 45 graus de decúbito. Podemos dizer que cada onda e descenso representa uma fase do ciclo cardíaco, com a visão de quem está na entrada do átrio direito.

Onda a: representa contração atrial direita pré-sistole;

  • A passagem de sangue do átrio para o ventrículo ocorre na diástole, sendo que cerca de 80% ocorre pela diferença de pressão entre as câmeras, fazendo com que o sangue saia do átrio para o ventrículo. Os últimos 20% correspondem a sístole atrial – ou seja, o átrio se contraí e “empurra” o restante de sangue para o ventrículo. E é esta contração que explica a onda a inicial;

Descenso x: ocorre por causa da sucção diastólica atrial criada pela sístole ventricular puxando a válvula tricúspide para baixo;

  • Agora durante a sístole há a contração do ventrículo. Ao contrair, para ejetar o sangue para a aorta, a válvula tricúspide é repuxada para baixo, aumentando o volume do átrio e reduzindo a pressão na sua cavidade. Relembrando a Lei de Laplace, em que Pressão = (2 x Tensão x Espessura) / Raio. Logo, se aumentamos o raio, a pressão na cavidade diminui, por isso o descenso x.

Onda c: Não esquecemos dela! Ela representa a interrupção dessa descida quando a sístole ventricular empurra a válvula fechada para o átrio direito;

  • Imagine que o ventrículo é um músculo se contraindo para empurrar sangue contra uma resistência que é a aorta. Ao se contrair, ele empurra o sangue para “frente”, que se direciona para a aorta. Mas digamos que uma parte dessa massa de sangue “esbarra” na válvula tricúspide fechada, sendo empurrada contra a cavidade atrial. Isso justifica essa breve interrupção do descenso, chamada de onda c

Onda v: representa o enchimento atrial, ocorrendo no final da sístole ventricular.

  • No final da sístole, o átrio começa a receber sangue da veia cava superior e inferior, e essa onda nada mais é do que esse enchimento atrial. Entender esse mecanismo é essencial, pois na insuficiência tricúspide por exemplo, por um defeito nesta válvula, o enchimento atrial vai acontecer com o sangue proveniente das veias cavas (fisiológico), bem como da cavidade ventricular (regurgitação devido falha de fechamento da tricúspide). Esse enchimento é bem maior, justificando a clássica onda V gigante presente nessa patologia.

Descenso y: se segue a onda V e reflete a queda na pressão do átrio direito após a abertura da valva tricúspide.

  • Nesse momento a valva tricúspide se abre, esvaziando o sangue para o ventrículo, levando naturalmente a queda da pressão nessa cavidade, explicando esse descenso!

Muita coisa? Se resistiu até aqui, vale mais essa informação, muito presente em provas. A famosa onda A em canhão, que nos deve sempre fazer lembrar do BAVT. Devido a dissociação atrioventricular, imagine que em um momento o átrio se contraiu, mas o ventrículo também estava se contraindo naquele momento, ou seja, a valva tricúspide estava fechada. Dessa forma, o átrio tentou empurrar uma massa de sangue contra um obstáculo fechado – levando a um aumento dessa onda A bem maior do que a habitual, daí a denominação de onda A em canhão.

Sensacional, não?

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