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Cardiologia28 junho 2018

Cuidados pós-parada cardíaca: ventilação mecânica

Hoje vamos abordar as consequências respiratórias e a ventilação mecânica, com base em um artigo de revisão publicado recentemente.

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Em nosso texto anterior, escrevemos sobre os cuidados gerais ao paciente após o retorno à circulação espontânea. De modo resumido, a parada cardíaca promove uma resposta inflamatória, com estresse oxidativo, liberação de citocinas, coagulopatia e consequente lesão de órgão alvo. As consequências mais comuns são:

  1. Disfunção miocárdica
  2. Lesão cerebral secundária
  3. Hipotensão e/ou má perfusão sistêmica
  4. Insuficiência renal
  5. SARA

Hoje vamos abordar com mais detalhes as consequências respiratórias, com base em um artigo de revisão publicado recentemente. Após uma PCR, 90% dos pacientes precisam de ventilação mecânica por rebaixamento do nível de consciência e/ou insuficiência respiratória. Contudo, 30% apresentam vômitos antes, durante ou após a massagem cardíaca e até 40% podem ter contusão pulmonar!

O que fazer?

  1. Estabeleça uma estratégia de ventilação mecânica protetora, como na SARA. O volume corrente 6-8 ml/kg é a recomendação com melhor nível de evidência, mas parte dos autores extrapola para o pós-PCR outros conceitos de SARA, como Pplatô < 30 cmH2O e o delta de pressão < 15 cmH2O.
  2. Fique atento às infecções, pois pneumonia por aspiração é particularmente comum. Não há indicação de antibiótico profilático, mas se houver aumento dos marcadores inflamatórios, nova imagem radiológica, piora da troca gasosa e/ou mudança na secreção, comece antibióticos precocemente! Os pacientes de maior risco para pneumonia são os que broncoaspiraram, os demenciados e/ou aqueles com causas não cardíacas para a PCR.
  3. Mantenha a paO2 70-100 mmHg e oximetria 92-97%, pois a hiperóxia pode favorecer a formação de radicais livres e aumentar o dano cerebral neurológico.
  4. Mantenha a paCO2 normal 35-45 mmHg, pois a circulação cerebral fica muito sensível tanto para vasodilatação como para vasoconstrição. Contudo, há estudos em andamento avaliando se uma hipercapnia permissiva leve (50-55 mmHg) poderia melhorar o prognóstico neurológico.

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Referências:

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