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Cardiologia24 setembro 2020

Comparação entre dapaglifozina e empaglifozina no tratamento da insuficiência cardíaca

Os inibidores SGLT2 vêm provando sua segurança e eficácia no tratamento da insuficiência cardíaca (IC), bem como em outras situações.

Os inibidores SGLT2 vêm provando cada vez mais sua segurança e eficácia no tratamento da insuficiência cardíaca (IC), bem como em outras situações. Diversos são os estudos com dados robustos mostrando redução de eventos, mortalidade, internação por IC e redução da progressão da doença renal. Mesmo sendo drogas da mesma classe, tanto a dapaglifozina quando a empaglifozina foram testadas em diversos cenários mostrando excelentes resultados, entretanto qual delas se saiu melhor?

Cabe ressaltar, que essa não é uma análise comparativa direta, ou seja, as drogas não foram testadas uma contra a outra e sim contra o placebo. A comparação feita neste artigo se refere aos resultados de ambas contra o placebo.

Leia também: ESC 2020: Empaglifozina pode reduzir mortalidade e hospitalização por insuficiência cardíaca?

Comparação entre dapaglifozina e empaglifozina no tratamento da insuficiência cardíaca

Método e características do estudo

Dois grandes estudos se destacam na avaliação do tratamento de IC com inibidores SGLT2, o DAPA-HF (dapaglifozina vs placebo) e o EMPEROR-Reduce (empaglifozina vs placebo) que testaram tanto pacientes diabéticos como não diabéticos. Ambos os estudos mostraram semelhança nos resultados do desfecho composto por morte cardiovascular e hospitalização por IC, com um risco relativo de 0,75. A primeira hospitalização por IC e o total de internações também foram semelhantes.

O grande destaque fica para a morte cardiovascular e morte por todas as causas quando avaliadas em separado. O EMPEROR-Reduce mostrou um risco relativo de 0,92, entretanto não atingiu o intervalo de confiança (0,75 a 1,12 para morte cardiovascular e 0,77 a 1,1 para morte por todas as causas). Já a dapaglifozina consegui mostrar redução nos dois quesitos com riscos relativos de 0,82 (0,69 a 0,98) e 0,83 (0,71 a 0,97) respectivamente.

Ainda falando sobre mortalidade apenas o estudo EMPA-REG mostrou redução da mortalidade com a empaglifozina, já a dapaglifozina mostrou redução tanto no estudo DAPA-HF quanto no DAPA-CKD.

Saiba mais: Mais sobrevida na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida

A dapaglifozina também apresentou melhores resultados em relação a qualidade de vida, avaliada pelo questionário KCCQ-CSS e também na redução da progressão da doença renal.

As possíveis explicações para a empaglifozina ter mostrado resultados mais modestos em relação a dapaglifozina são (as opções podem não ser mutuamente exclusivas):

  • A empaglifozina não funciona tão bem quanto a dapaglifozina;
  • Os pacientes eram diferentes, tenderam a ser mais graves e com doenças mais avançada no estudo EMPEROR-Reduce e por isso não responderam tão bem;
  • O estudo EMPEROR-Reduce não teve força estatística para mostrar reduções maiores;
  • Má sorte.

Cabe lembrar que essas drogas não foram diretamente comparadas.

Conclusão

Ainda assim, quando levamos o poder da classe do medicamento, analisando conjuntamente os dois estudos, podemos concluir que os inibidores SGLT2 reduziram hospitalização e morte cardiovascular, diminuíram a piora dos sintomas de IC, reduziram a progressão da doença renal e mostraram redução importante mesmo em conjunto a um tratamento para insuficiência cardíaca tão consolidado e impactante.

Referências bibliográficas:

  • Packer M, et al. Cardiovascular and Renal Outcomes with Empagliflozin in Heart Failure. The New England Journal of Medicine. August 29, 2020. doi: 10.1056/NEJMoa2022190
  • Wheeler DC, et al. The dapagliflozin and prevention of adverse outcomes in chronic kidney disease (DAPA-CKD) trial: baseline characteristics. Nephrology Dialysis Transplantation, gfaa234. 30 August 2020.
  • Wiviott SD, Raz I, Bonaca MP, Mosenzon O, Kato ET, Cahn A, et al. Dapagliflozin and cardiovascular outcomes in type 2 diabetes. N Engl J Med. 2019.
  • McMurray JJV, Solomon SD, Inzucchi SE, et al. Dapagliflozin in Patients with Heart Failure and Reduced Ejection Fraction. N Engl J Med 2019;381:1995.
  • Zinman B, Inzucchi SE, Lachin JM, et al. Rationale, design, and baseline characteristics of a randomized, placebo-controlled cardiovascular outcome trial of empagliflozin (EMPA-REG OUTCOME™). Cardiovasc Diabetol. 2014;13:102.

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