Os inibidores SGLT2 vêm provando cada vez mais sua segurança e eficácia no tratamento da insuficiência cardíaca (IC), bem como em outras situações. Diversos são os estudos com dados robustos mostrando redução de eventos, mortalidade, internação por IC e redução da progressão da doença renal. Mesmo sendo drogas da mesma classe, tanto a dapaglifozina quando a empaglifozina foram testadas em diversos cenários mostrando excelentes resultados, entretanto qual delas se saiu melhor?
Cabe ressaltar, que essa não é uma análise comparativa direta, ou seja, as drogas não foram testadas uma contra a outra e sim contra o placebo. A comparação feita neste artigo se refere aos resultados de ambas contra o placebo.
Método e características do estudo
Dois grandes estudos se destacam na avaliação do tratamento de IC com inibidores SGLT2, o DAPA-HF (dapaglifozina vs placebo) e o EMPEROR-Reduce (empaglifozina vs placebo) que testaram tanto pacientes diabéticos como não diabéticos. Ambos os estudos mostraram semelhança nos resultados do desfecho composto por morte cardiovascular e hospitalização por IC, com um risco relativo de 0,75. A primeira hospitalização por IC e o total de internações também foram semelhantes.
O grande destaque fica para a morte cardiovascular e morte por todas as causas quando avaliadas em separado. O EMPEROR-Reduce mostrou um risco relativo de 0,92, entretanto não atingiu o intervalo de confiança (0,75 a 1,12 para morte cardiovascular e 0,77 a 1,1 para morte por todas as causas). Já a dapaglifozina consegui mostrar redução nos dois quesitos com riscos relativos de 0,82 (0,69 a 0,98) e 0,83 (0,71 a 0,97) respectivamente.
Ainda falando sobre mortalidade apenas o estudo EMPA-REG mostrou redução da mortalidade com a empaglifozina, já a dapaglifozina mostrou redução tanto no estudo DAPA-HF quanto no DAPA-CKD.
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A dapaglifozina também apresentou melhores resultados em relação a qualidade de vida, avaliada pelo questionário KCCQ-CSS e também na redução da progressão da doença renal.
As possíveis explicações para a empaglifozina ter mostrado resultados mais modestos em relação a dapaglifozina são (as opções podem não ser mutuamente exclusivas):
- A empaglifozina não funciona tão bem quanto a dapaglifozina;
- Os pacientes eram diferentes, tenderam a ser mais graves e com doenças mais avançada no estudo EMPEROR-Reduce e por isso não responderam tão bem;
- O estudo EMPEROR-Reduce não teve força estatística para mostrar reduções maiores;
- Má sorte.
Cabe lembrar que essas drogas não foram diretamente comparadas.
Conclusão
Ainda assim, quando levamos o poder da classe do medicamento, analisando conjuntamente os dois estudos, podemos concluir que os inibidores SGLT2 reduziram hospitalização e morte cardiovascular, diminuíram a piora dos sintomas de IC, reduziram a progressão da doença renal e mostraram redução importante mesmo em conjunto a um tratamento para insuficiência cardíaca tão consolidado e impactante.
Referências bibliográficas:
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