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Cardiologia13 novembro 2023

AHA 2023: Novo anticoagulante para prevenção de eventos tromboembólicos na FA

O estudo AZALEA comparou os efeitos do uso do abelacimabe com os da rivaroxabana em pacientes com FA, mas terminou precocemente.

Por Isabela Abud Manta

O uso de anticoagulantes previne o risco de eventos tromboembólicos na fibrilação atrial (FA) e, após muito tempo com apenas a opção de se utilizar antagonistas da vitamina K (AVK), como varfarina, surgiram os novos anticoagulantes, chamados anticoagulantes de ação direta, que atuam na trombina e no fator X da cascata da coagulação. 

Essa classe de medicações tem mostrado benefício quando comparado aos AVK: redução de eventos com eficácia semelhante ou maior, maior facilidade de uso, menor mortalidade e menor ocorrência de sangramentos no geral.  

O sangramento, apesar de menos frequente, não é desprezível e vem-se tentando novos meios para reduzi-lo. Assim, foi feito um estudo com medicação que atua inbindo o fator XI, que parece ter um perfil de segurança melhor em relação a sangramento. Este estudo foi apresentado no segundo dia do congresso da American Heart Association (AHA 2023). 

AHA 2023

Métodos do estudo

O estudo AZALEA avaliou o abelacimabe, anticorpo monoclonal que atua inibindo o fator XI. Estudo prévio avaliou essa medicação em prevenção de trombose venosa profunda pós cirurgia de prótese total de joelho, com redução importante de eventos comparado a enoxaparina.  

O objetivo do estudo AZALEA foi avaliar o perfil de sangramento desta medicação em pacientes com FA com risco moderado a alto de AVC comparado a rivaroxabana. Os 1287 pacientes foram randomizados em 3 grupos: abelacimabe 150mg via subcutânea 1x por mês, abelacimabe 90 mg via subcutânea 1x por mês ou rivaroxabana 20mg 1x ao dia. O desfecho de segurança foi sangramento maior ou sangramento não maior clinicamente relevante. 

O estudo randomizou pacientes em 7 países no ano de 2021 e os critérios de inclusão eram idade maior ou igual a 55 anos, história de FA ou flutter com indicação de anticoagulação, CHA2DS2-VASc ≥ 4 ou CHA2DS2-VASc = 3 com pelo menos um dos seguintes: uso de antiagregante plaquetário ou clearance de creatinina ≤ 50ml/min. 

Resultados 

O estudo foi terminado precocemente por redução importante de sangramento no grupo abelacimabe. O seguimento médio foi de 1,8 anos e 87 pacientes tiveram eventos do desfecho primário. 

A mediana de idade era 74 anos, 44% eram do sexo feminino e o CHA2DS2-VASc mediano era 5. Mais de 90% já tinha usado um anticoagulante previamente e 24% estavam em uso de um antiagregante. O fator XI teve inibição de 97% quando na dose de 90mg e de 99% quando na dose de 150mg.  

A redução de sangramento foi expressiva: com a dose de 90mg houve redução de sangramento em 77% (HR 0,23; IC95% 0,13-0,42) e com a dose de 150mg em 67% (HR 0,33; IC95% 0,19-0,55), com p < 0,001. Não houve diferença na ocorrência de AVC ou outros eventos tromboembólicos, assim como na ocorrência de eventos adversos. 

Comentários e conclusão 

Abelacimabe é um potente inibidor do fator XI, com mais de 95% de inibição após a injeção, e mostrou um bom perfil de segurança em relação a sangramento: houve redução de 67% em sangramento maior ou sangramento clinicamente relevante comparado a rivaroxabana. Uma característica bastante interessante da medicação é a posologia, 1x ao mês, o que facilita a aplicação e tem chance de melhorar a aderência do paciente.  

Esse resultado é bastante animador e o estudo de fase 3, em andamento nos trará maiores informações, principalmente em relação a desfecho de eficácia na prevenção de AVC isquêmico e embolia sistêmica. 

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