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Cardiologia24 agosto 2020

A espessura médio-intimal da carótida tem valor no seguimento da aterosclerose ?

Apesar de todas as controvérsias da relativa baixa acurácia da espessura médio-intimal (IMT) como marcador de aterosclerose, resultando inclusive em retirada deste critério de alguns guidelines de pre…

Por Giordano Bruno

Apesar de todas as controvérsias da relativa baixa acurácia da espessura médio-intimal (IMT) como marcador de aterosclerose, resultando inclusive em retirada deste critério de alguns guidelines de prevenção primária, algumas questões ainda podem ser debatidas:

Usar a evolução do IMT seja demonstrando que a aterosclerose está fugindo do controle (aumento progressivo do IMT) ou que está bem controlada (estabilidade e até regressão do IMT) tem validade ? bem, foi o que demonstrou recente meta-análise com mais de 100 estudos randomizados envolvendo mais de 100.000 pacientes seguidos durante 3.7 anos.

Nessa análise, cada redução de 0,01mm ao ano do IMT reduziu independentemente o risco em 8% de eventos cardiovasculares de maneira significativa, com redução de até 37% de eventos naqueles que reduziram 0,04mm.

Resta entretanto saber se o impacto estatístico tem correspondente impacto clínico que justifique repetição sistemática desse exame em todos os pacientes, até mesmo considerando as limitações envolvendo a pequena diferença entre as medidas e método de medida empregado (com possível vantagem para sistemas de medida automatizados do IMT).

O que podemos afirmar é que, mesmo com todo a evidência de técnicas como escores de cálcio coronário, a realização de um simples e acessível exame (USG Doppler de carótidas) ainda se figura como fundamental em prevenção primária para identificação de placas ou espessamento muito alterado (IMT>1.4) que já configurariam aterosclerose sub-clínica nesse cenário. Com a vantagem agora de interpretarmos depois deste estudo que uma mudança evidente do IMT traduz também redirecionamento do leme aterosclerótico dos pacientes.

Opinião Prática

“Mesmo com o direcionamento dos guidelines de prevenção primária para uso preferencial do escore de cálcio coronário (CAC), o USG continua sendo fundamento nesse cenário pela sua ampla disponibilidade, baixo custo e baixo risco, podendo identificar aterosclerose subclínica (presença e caracterização de placas) em percentual razoável de pacientes. Esta meta-análise reacende a utilização também do IMT como seguimento, mas que do ponto de vista prático sem muito valor pois uma diferença de 0.04mm é praticamente indistinguível entre um exame e outro.”

Referência

Carotid Intima-Media Thickness Progression as Surrogate Marker for Cardiovascular Risk Meta-Analysis of 119 Clinical Trials Involving 100 667 Patients – Circulation. 2020;142:621–642

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