O papel da mulher na medicina vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. Hoje vemos cada vez mais mulheres nos bancos das faculdades, sendo a maioria entre os profissionais recém-formados, além de estarem ganhando espaço nos programas de residência e assumindo cargos relevantes no setor de saúde, tanto na assistência quanto na gestão. Mesmo com essas conquistas, infelizmente ainda estamos longe de encontrar uma equidade de gênero real na área da saúde.
De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019, as mulheres representavam mais de 70% dos profissionais de saúde, mas só ocupavam apenas 20% das posições de liderança. Um estudo mais recente da Women in Global Health, de 2023, mostrou que, em 5 anos, a situação não mudou muito: as mulheres ainda ocupam apenas 25% dos cargos de liderança na saúde.
Se olharmos para as organizações de saúde em 2024, o cenário continua desanimador. Apenas 36% das organizações globais sem fins lucrativos de saúde e 25% das com fins lucrativos têm paridade de gênero em suas equipes de alta gestão. E, pior, apenas 2% das presidentes de conselho eram mulheres em países de baixa renda. Esse é um número preocupante, considerando que as mulheres representam atualmente quase metade dos profissionais em atuação na medicina em países como o Brasil, ou mesmo a maioria dos profissionais de saúde, quando analisamos a assistência de saúde de um modo geral.
Os números deixam claro que o avanço tem sido lento. Mulheres continuam sendo subutilizadas, principalmente em países de baixa e média renda, e continuam enfrentando preconceito e assédio. Então, o que ainda está impedindo essa mudança?
Impacto da liderança das mulheres na saúde
Recentemente, a Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins publicou uma pesquisa na BMJ Global Health mostrando que mulheres em cargos de liderança podem contribuir de forma positiva para várias áreas de uma organização.
A revisão analisou 137 artigos, de 2000 a 2024, que mapeavam a liderança feminina em organizações de saúde em países de baixa e média renda. E o resultado demonstrou que 87% dos estudos apontaram resultados positivos e estatisticamente significativos quando mulheres ocupavam cargos de liderança.
As áreas que a liderança feminina tem impacto positivo nas organizações são:
- Desempenho financeiro, risco e estabilidade: empresas com liderança feminina tiveram maior lucratividade em indicadores, maior fluxo de caixa, mais capital para investimento e melhor valor de mercado.
- Inovação: empresas lideradas por mulheres são mais propensas a explorar novas ideias e criar soluções criativas.
- Engajamento com iniciativas éticas: mulheres na liderança tendem a se envolver mais com iniciativas de responsabilidade social corporativa e questões ambientais.
- Resultados de Saúde: em geral, países com mulheres líderes durante a pandemia tiveram uma gestão melhor, com números absolutos de casos de Covid-19 e mortes mais baixos em comparação com os demais países.
- Cultura organizacional: empresas com maior diversidade de gênero têm equipes mais motivadas e estimuladas intelectualmente, criando um ambiente mais produtivo.
- Influência nas carreiras e aspirações de outras mulheres: mulheres líderes ajudam a abrir portas para outras mulheres, oferecendo oportunidades e criando um caminho mais igualitário no ambiente de trabalho.
Lugar da mulher é onde ela quiser
Se a presença feminina em cargos de liderança tem um impacto tão positivo para as organizações, independentemente do setor ou local – e muitos já perceberam isso –, por que, ainda assim, tantas mulheres enfrentam barreiras em seus ambientes de trabalho na área da saúde e não estão ocupando os lugares que lhe são de direito?
As organizações, principalmente na área da saúde, precisam pensar em modelos de gestão que estimulem a diversidade e reconheçam a liderança feminina. E, tão necessário quanto a preocupação em atrair mais mulheres para reforçar a distribuição igualitária de cargos entre gêneros, é o trabalho contínuo que deve ser realizado por essas empresas para remover as barreiras estruturais que impedem que essas mulheres cheguem às posições decisivas.
Isso inclui criar políticas mais transparentes que protejam contra o assédio (ainda tão presente nestes ambientes), garantam igualdade salarial já debatida há tanto tempo e promovam uma cultura organizacional inclusiva, que dê suporte às mulheres.
Além disso, ambientes de trabalho que incentivem as mulheres a continuar suas carreiras, com oportunidades reais de crescimento e, principalmente, apoio para que não precisem abrir mão de suas vidas pessoais para alcançar esses cargos.
Ainda sentimos a necessidade de justificar constantemente e de várias maneiras a importância da liderança feminina, como se a eficácia das mulheres fosse uma questão a ser debatida. Esse desequilíbrio não apenas reflete a desigualdade de gênero nas organizações de saúde, mas também mantém a ideia errada de que a liderança feminina é uma exceção, quando, na realidade, sua contribuição positiva já está mais que provada.
Com mais apoio e menos barreiras, as mulheres podem ocupar o seu espaço na área da saúde. Afinal, o lugar da mulher é onde ela decidir estar, seja no campo da medicina, na gestão de saúde ou em qualquer outro setor.
Lideranças femininas na Afya
A Afya, maior ecossistema de educação médica e healthtechs do Brasil, é signatária do Princípios de Empoderamento das Mulheres e, desde 2021, assumiu o compromisso público de ter, pelo menos, 50% de mulheres em cargos de liderança até 2030.
Ações especiais pelo Dia da Mulher
Data e Horário:06/03/2025, às 20h
Data e horário: 10/03/2025, às 20h
Disponível até dia 15/3.
Exclusividade médicaPrescreva medicação aos seus pacientes de forma gratuita e ilimitada
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.