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Oncologia6 fevereiro 2025

Avanços e desafios no tratamento do câncer de pulmão de pequenas células

Quais são as novas combinações de imunoterapia e quimioterapia e o impacto das terapias direcionadas na qualidade de vida dos pacientes
Por Lethícia Prado

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Oncoclínicas de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

O câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) corresponde a aproximadamente 15% de todos os tipos de neoplasias pulmonares, acometendo principalmente pacientes com histórico de tabagismo.1

Patologicamente caracteriza-se como um tumor neuroendócrino, pouco diferenciado, com imuno-histoquímica positiva para sinaptofisina, cromogranina e NCAM/CD56. Nesse contexto, o diagnóstico patológico leva em conta também o índice mitótico, usualmente alto nesse subtipo, e o índice de proliferação, mensurado através do Ki67.1

Embora alguns biomarcadores, como expressão de PD-L1 e carga mutacional tumoral (TMB), tenham sido avaliados em análises de subgrupos de estudos com imunoterapia, ainda não há dados que sustentem o benefício de sua utilização na predição de resposta ao tratamento.2

Dessa forma, o tratamento do CPPC é guiado a partir do estadiamento, que classifica os pacientes em dois grupos, de doença extensa ou limitada.3

É considerada doença limitada aquela que se concentra em apenas um hemitórax, podendo acometer linfonodos regionais passíveis de serem envolvidos com segurança em apenas um campo de radioterapia.3

Para doença extensa, considera-se a presença de linfonodos contralaterais hilares ou mediastinais, bem como doença com evidência de acometimento metastático à distância.3

Pacientes com doença limitada correspondem a 1/3 dos casos4 e usualmente são tratados com associação de quimioterapia – em geral, carboplatina ou cisplatina em associação com etoposídeo – e radioterapia torácica.5 Entretanto, mesmo naqueles que completam o tratamento, a sobrevida em cinco anos mantém-se em torno de 10% nos pacientes com doença localizada e apenas 2% nos que apresentam doença extensa.6

Nesse cenário, em 2024, no congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO) foi de importante destaque o estudo de fase III ADRIATIC, randomizado, controlado por placebo e prospectivo, cujo objetivo foi avaliar o uso de durvalumabe associado ou não a tremelimumabe de forma adjuvante, após quimiorradioterapia em pacientes com doença em estágio I, II ou III, inoperáveis.7

Foram elegíveis 730 pacientes que não progrediram ao tratamento com quimioterapia concomitante à radioterapia e randomizados para receber de forma adjuvante durvalumabe na dose fixa de 1500 mg a cada 4 semanas por 24 meses ou sua associação com tremelimumabe na dose de 75 mg por 4 doses seguido de durvalumabe de manutenção ou placebo.7

Os dados apresentados referem-se ao grupo do estudo tratado com durvalumabe quando comparado ao grupo controle e mostram ganhos de mediana de sobrevida global de 55,9 versus 33,4 meses, com Hazard Ratio (HR) de 0,73 e sobrevida livre de progressão de 16,6 versus 9,2 meses, com HR de 0,76, sem surgimento de toxicidades além das já esperadas no contexto da imunoterapia.7

Quanto à pneumonite, preocupação comum quando há associação entre radioterapia e imunoterapia, não houve aumento em toxicidades severas (graus 3 e 4) embora tenha acontecido com maior frequência no grupo tratado com durvalumabe.7

Com a apresentação desses dados, o uso de durvalumabe de manutenção após tratamento definitivo com quimiorradioterapia em pacientes com CPPC com doença limitada inoperável tornou-se a conduta padrão.7

Quanto à doença avançada, um dos tratamentos utilizados baseia-se no estudo CASPIAN, que mostrou benefício com a adição de durvalumabe ao esquema quimioterápico de platina e etoposídeo seguido de durvalumabe de manutenção, com aumento de sobrevida global de 10,3 meses para 13 meses e HR de 0,73, com significância estatística.8

De forma semelhante, o estudo IMpower 133 demonstrou aumento de sobrevida global com a adição de atezolizumabe à combinação de carboplatina e etoposídeo, com aumento de 10,3 meses para 12,3 meses e HR de 0,70.9

Considerando-se a multimodalidade presente no tratamento do CPPC, pode haver maior predisposição ao surgimento de efeitos adversos do tratamento. No que diz respeito à quimioterapia, a escolha entre carboplatina ou cisplatina foi estudada a partir de metanálise que comparou as drogas em termos de sobrevida global e toxicidade, comprovando eficácia semelhante à custa de maior toxicidade hematológica no grupo que recebeu carboplatina e não hematológica naquele tratado com cisplatina.10

A utilização de radioterapia associada a inibidores de checkpoints imunes é também fator de preocupação quanto ao aumento da toxicidade. Nesse contexto, alguns estudos foram realizados, com dados mostrando que não houve aumento no risco de efeitos adversos graves com o tratamento quimioterápico realizado em até 90 dias após a radioterapia11, dados corroborados também pelo estudo ADRIATIC.7

De forma semelhante, a preocupação quanto ao impacto dos possíveis efeitos adversos na qualidade de vida dos pacientes faz-se imperativa, tendo em vista a sua alta incidência nos tratamentos propostos.

No estudo IMpower 133, efeitos adversos foram relatados em 94,9% dos pacientes no braço experimental, com efeitos severos (graus 3 e 4) sendo neutropenia, anemia e neutropenia.9

Quanto ao uso de durvalumabe, o estudo ADRIATIC trouxe 94,3% dos participantes apresentando efeitos adversos de qualquer grau no grupo em tratamento, estando presentes sintomas como tosse, náusea, fadiga e diarreia em mais de 10% dos pacientes.7

Em estudos que avaliam a funcionalidade do paciente através de questionários, foi possível constatar que os pacientes com câncer de pulmão apresentam qualidade de vida inferior quando comparada tanto à população saudável quanto àquela que sofre de outras doenças malignas.12

Tendo em vista a complexidade da doença e dos tratamentos propostos, a abordagem dos pacientes com câncer de pulmão em caráter multidisciplinar é recomendada por diretrizes internacionais como ASCO, European Society for Medical Oncology (ESMO) e National Comprehensive Cancer Network (NCCN), podendo trazer impactos positivos tanto em termos de qualidade de vida quanto de sobrevida.13

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Referências bibliográficas

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