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Cirurgia9 março 2023

Pectus excavatum é desenvolvido no Brasil para a correção da malformação 

Até então, o material disponível era importado e não era adequado para quando se necessitava de mais de uma barra metálica. 

Por Úrsula Neves

Um novo material cirúrgico que amplia as possibilidades da cirurgia minimamente invasiva para a correção do Pectus excavatum (PE) — malformação no crescimento das cartilagens do tórax que provoca deformação na caixa torácica — foi desenvolvido pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor /USP), em parceria com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da empresa de tecnologia médica Traumec.  

Segundo o cirurgião torácico do InCor e do Oswaldo Cruz, Miguel Tedde, o reparo minimamente invasivo do Pectus excavatum depende de implantar próteses no tórax do paciente para corrigir a posição do osso esterno e das cartilagens. Até então, o material disponível era importado e não era adequado para quando se necessitava de mais de uma barra metálica.  

“O novo material, desenvolvido por indústria nacional permite a utilização de uma ou mais barras metálicas, de acordo com a necessidade de cada paciente, além de contar com um sistema de fixação que torna o procedimento muito mais seguro”, contou Tedde, que também é o coordenador do projeto de pesquisa.  

Cirurgias realizadas  

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o novo material já foi implantado com sucesso em 50 cirurgias realizadas no InCor durante o desenvolvimento do projeto de pesquisa. 

Agora, que a tecnologia está disponível para todo o país, já estão sendo realizadas cirurgias em pacientes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, além de outros hospitais pelo Brasil.  

Em outros países, existem equipes de saúde operando pacientes de cinco anos de idade. Porém, aqui no Brasil, os pesquisadores estão preferindo esperar que o paciente complete, pelo menos, oito anos para que saiba descrever corretamente se está com dor e localizá-la corretamente.  

Outras vantagens do novo material cirúrgico  

De acordo com Miguel Tedde, há outras vantagens nesta inovação cirúrgica. Na primeira fase do estudo, o tempo de internação pós-cirurgia — que era de sete dias — passou para cinco. Já na segunda fase de trabalho, passou para quatro dias.  

“Casos que só poderiam ser tratados por cirurgia aberta agora podem ser corrigidos através de videotoracoscopia, com melhora da correção anatômica, menor tempo de internação e uma recuperação mais rápida. Essa nova técnica é um grande avanço, especialmente quando lembramos que boa parte dessas deformidades causadas pela doença é estética. Sendo assim, o fato de conseguirmos melhorar a estética do procedimento e reduzir a dor do paciente é um avanço realmente muito grande”, destacou Miguel Tedde, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.  

Outra grande vantagem é que a parceria na pesquisa entre os centros de excelência público e privado, como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e o InCor, com a indústria médica nacional possibilitou que um produto desenvolvido nacionalmente substituísse com vantagens um produto importado.  

Sobre a doença 

Estima-se que o Pectus excavatum impacte atualmente 1,2% da população brasileira (1 pessoa em cada 200 nasce com esse “buraco” no peito) e pode afetar órgãos, como o coração e os pulmões, além da autoestima e da qualidade de vida do paciente.  

A causa possivelmente é genética. Em famílias onde uma pessoa tem o peito afundado podem existir outros casos, o que não significa que o filho de alguém com Pectus excavatum nascerá assim, como o pai ou a mãe.  

A deformação da caixa torácica é o que chamam de peito escavado: entre cada costela e um osso esterno, onde existem cartilagens. Trata-se de uma deformidade congênita, que causa má-formação no crescimento anormal das cartilagens do tórax, o que acaba empurrando a caixa torácica, causando, assim, a deformação. Esse afundamento pode comprimir o coração e o pulmão dos afetados.  

“Quando você olha o paciente, tem a sensação que existe um afundamento na parede torácica”, explicou o cirurgião torácico do InCor e do Oswaldo Cruz.  

Além dos problemas físicos óbvios, Tedde lembra que uma consequência da deformidade é o impacto profundo que isso tem na autoestima, bem-estar e qualidade de vida dos pacientes.  

“O tratamento minimamente invasivo do Pectus excavatum, que hoje é o padrão de tratamento, se tornou muito mais seguro e mais efetivo para a correção. Do ponto de vista estético, melhorou muito. Temos observado que os pacientes têm tido alta mais precoce, voltado para as suas atividades mais cedo e com o resultado estético muito melhor. Eu tenho a impressão que isso não tem volta; os resultados que a gente tem visto com o material têm sido muito melhores”, complementou Tedde.  

Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED. 

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Referências bibliográficas

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