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Urologia10 outubro 2018

Infecção urinária: troca de cateter é ineficaz no controle da doença

O guideline atual recomenda que pacientes com cateter de demora há mais de duas semanas, e suspeita de infecção urinária, seja submetido à reposição do cateter.

Por Roberto Caligari

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

A infecção urinária é uma doença bastante comum que acomete principalmente o sexo feminino, estima-se que 30% das mulheres vão desenvolver infecção urinária em algum momento da vida. Um dos primeiros sinais da doença  é a ardência ao urinar, turbidez na urina e dores na parte inferior do abdômen. Em pacientes com cateter, a presença deste tipo de infecção é preocupante porque, se não tratada, pode evoluir para sepse e aumento da mortalidade.

Alguns estudos anteriores sugeriam que a troca do cateter estaria relacionada a um menor risco de contrair infecção de trato urinário. Tanto que esta é uma das recomendações do guideline da Infectious Diseases Society of America. A entidade orienta que pacientes com cateter vesical de demora há mais de duas semanas, e que apresentam suspeita da doença, sejam submetidos à reposição do cateter.

Leia mais: Infecção Urinária: 10 mitos do diagnóstico e tratamento

Entretanto, uma pesquisa recente buscou questionar esta recomendação para determinar se, de fato, a substituição da sonda diminuiria ou não a carga bacteriana no trato urinário. O levantamento foi publicado em agosto deste ano na revista Journal of the American Geriatrics Society. A análise contou com 315 participantes, idade média de 79,2 anos, com cateter há mais de sete dias e com sinais de Infecção do Trato Urinário (ITU), tais como leucocitúria e bacteriúria. Foram aplicadas análises multivariadas para ajustar os dados com outros fatores de risco.

A troca de cateter ocorreu em 98 pacientes, os outros 217 continuaram com a sonda de origem. Os desfechos primários observados foram a morte do paciente ou sinais de sepse no sétimo dia, e os secundários foram alta hospitalar, morte no 30º dia ou readmissão no hospital após a alta.

A taxa de falha clínica no sétimo dia foi de 35,2%, a mortalidade no 30º dia foi de 30,8%. Os pesquisadores não encontraram diferença significativa entre os indivíduos que mantiveram o cateter e os que tiveram que trocá-lo (Odds Ratio ajustada 0,90; IC 95% CI [0,50-1,63]). O levantamento concluiu que não houve benefícios na substituição da sonda na remissão da ITU.

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*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências:

  • Tanya B et al. Replacement of urinary catheter for urinary tract infections: A prospective observational study. J Am Geriatr Soc 2018 Sep; 66:1779. (https://doi.org/10.1111/jgs.15517)

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