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Homem 63 anos, sem comorbidades, vítima de trauma em púbis em aro de bicicleta após perder o controle ao passar por um buraco na pista. Ao exame: corado, normocárdico, eupneico, deambulando, bom estado geral. Glasgow 15, sem cervicalgia, boa expansão pulmonar bilateral, sem dor à palpação do tórax. Abdome flácido e indolor. Bacia estável, edema em base do pênis. Bolsa escrotal e testículos sem alterações. Relata micção normal, porém apresenta uretrorragia de pequena monta.
Neste momento, qual a melhor conduta?
a) TC de abdome e pelve
b) Uretrocistografia
Atenção aos sinais do caso!
- trauma em púbis
- edema em base do pênis
- uretrorragia
-> com essa clínica devemos sempre pensar em Trauma de uretra.
-> guarde que a uretrorragia é um sinal importante para sempre se suspeitar de lesão de uretra.
☝ neste caso, a conduta inicial é sempre a
Uretrocistografia retrógrada e miccional
(mas afinal o que é esse exame?)
-> Simples! Injetamos 20-30 ml de contraste iodado, na concentração 1/1 com soro fisiológico 0,9%, ocluindo o meato uretral com uma Foley, insuflando discretamente o balonete logo após a passagem pelo meato. Então, radiografa-se (se possível angulando o paciente a 30°) na fase de injeção do contraste, a fase retrógrada, e depois na fase miccional. Desta forma teremos a imagem de toda a luz da uretra, podendo-se identificar as lesões.
Vazou contraste = lesão de uretra! Veja abaixo o exame:


E agora, após o exame, qual a melhor conduta?
a) Cistostomia
b) Sondagem vesical
Devido à lesão de uretra peniana, optamos por derivação urinária com cistostomia
Lesão de uretra
A melhor opção na abordagem do trauma com lesão de uretra é a cistostomia. Isso garante a derivação urinária até a total cicatrização da uretra e estabilização da espongiofibrose (fibrose do corpo esponjoso, que envolve a uretra).
Conduta final: manter a cistostomia e repetir a uretrocistografia em 4 semanas para determinar a área final de estenose da uretra após a espongiofibrose.
-> Veja como ficou o exame de controle após as 4 semanas do trauma:
Após a estabilização da espongiofibrose, identificada a área final da estenose da uretra.
Conduta: programar uretroplastia anterior eletivamente para resolução da estenose
da uretra. Segue com a cistostomia até a cirurgia.
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Referências:
- EAU (European Association of Urology) Guidelines – 2018. Edn. presented at the EAU Annual Congress Copenhagen 2018. ISBN 978-94-92671-01-1
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