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Terapia Intensiva1 outubro 2014

Marcadores Inflamatórios na Prática Clínica

Na medicina de hoje, os exames laboratoriais são uma ferramenta fundamental no diagnóstico e no acompanhamento dos pacientes em tratamento. Apesar de seu amplo uso, muitas vezes o conhecimento sobre as particularidades dos marcadores séricos pode facilitar (ou atrapalhar, no caso do desconhecimento) o trabalho do médico. Os principais reagentes de fase aguda disponíveis nos …

Por Pedro Gemal

Na medicina de hoje, os exames laboratoriais são uma ferramenta fundamental no diagnóstico e no acompanhamento dos pacientes em tratamento.

Apesar de seu amplo uso, muitas vezes o conhecimento sobre as particularidades dos marcadores séricos pode facilitar (ou atrapalhar, no caso do desconhecimento) o trabalho do médico.

Os principais reagentes de fase aguda disponíveis nos laboratórios brasileiros são:

• Marcadores “Positivos” (elevação proporcional ao grau de inflamação/infecção): Fibrinogênio, VHS, PCR, A1-Antitripsina, Haptoglobina, Antagonista do R-IL1, Hepcidina, Ferritina, Procalcitonina, Amilóide sérico A;

• Marcadores “Negativos” (queda proporcional): Albumina, Transferrina, Transtirretina.

Em especial, destacaremos os dois principais marcadores de uso na prática clínica: a proteína C reativa (PCR) e a velocidade de hemossedimentação (VHS). A ênfase será nos aspectos práticos de seu uso:

PCR

• Valores entre 0.3-1 são relativos, não indicando necessariamente inflamação: Obesidade, Tabagismo, DM, HAS, sedentarismo, TRH, distúrbios do sono, fadiga crônica, etilismo, depressão, idoso.

• 3-10: Inflamação de baixo grau / subclínica; Podem também ser justificados exclusivamente por Obesidade ou Resistência insulínica.

• 10: Provavelmente indica infecção bacteriana.

Fórmula de correção da PCR pela idade:

Homens: Idade/50
Mulheres: Idade/50 + 0.6

VHS

• Falso aumento: Hiperproteinemia (infecção, inflamação, neoplasias); Anemia; Autoaglutinação; Macrocitose; Hemólise / Anemia Falciforme.

• Falsa redução: Esferócitos ou hemácias cremadas; Microcitose.

• Maior sensibilidade:  Artrite Reumatóide; Doença Inflamatória Pélvica; Endocardite bacteriana; Artrite Séptica; Osteomielite; Mieloma e outras paraproteinemias; Mononucleose; Otite Média Aguda; Abscessos; Lúpus; Vasculites; Doença Inflamatória Intestinal.

• Utilidades restritas para monitorar o tratamento de Arterite Temporal e Polimialgia Reumática – ou seja, não solicitar como exame de “rotina”.

Fórmula de correção da VHS:

Homens: Idade/2
Mulheres: Idade + 10/2

Nota: VHS elevado com PCR normal provavelmente é falso positivo (excessão clássica: Lúpus Eritematoso Sistêmico).

Mais recentemente, um terceiro marcador, a Procalcitonina, tem se destacado como biomarcador de diagnóstico e prognóstico em sepse grave e choque séptico,  com maior sensibilidade. Mais especificamente, espera-se que, nos próximos anos, a Procalcitonina seja um grande exame para diagnóstico de infecções, principalmente bacterianas, com consequente uso mais racional de antibióticos, diminuição do perfil de resistência e redução de custos em saúde.

Em resumo, devido à ampla disponibilidade de recursos de diagnóstico na medicina moderna, é preciso dominar o conhecimento sobre as particularidades dos principais exames solicitados na sua prática, para embasar seu julgamento clínico. Ter a noção de que o exame pode ser falso positivo ou negativo, e compreendê-lo no contexto de cada paciente, é agora um desafio diário.

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