O estudo Optimal Vasopressin Initiation in Septic Shock foi apresentado na sessão de abertura do International Symposium on Intensive Care & Emergency Medicine (ISICEM 2025), sediado na Bélgica. O Dr. Romain Pirracchio (Estados Unidos) apresentou uma ferramenta de educação na qual sugere-se o início de vasopressina no protocolo de choque séptico. Qual seria o melhor momento e como otimizar o início de vasopressina?
Métodos e resultados
No estudo, os autores criaram uma ferramenta de educação na qual sugere-se o início de vasopressina no protocolo de choque séptico. O modelo criado levou ao início mais frequente (87% vs 31%), mais precoce (4 vs 5 horas) e com doses menores de noradrenalina (0,2 vs 0,37 µg/kg/min). Houve redução relativa de quase 20% da mortalidade nos pacientes que o algoritmo foi aplicado de forma correta, tanto nos hospitais onde se criou este protocolo, quanto nos hospitais que posteriormente passaram a usá-lo. O algoritmo apresentava recomendação de usar ou não usar vasopressina, de acordo com modelo de computação com aprendizado que incorporou vários parâmetros, incluindo SOFA escore, lactato sérico, dose de noradrenalina, uso de corticoides, entre outros. A modelagem foi aplicada em 5 hospitais inicialmente e depois ampliada para 227 hospitais, que aumentaram a avaliação de mais de 14 mil pacientes, tornando a evidência muito forte.
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Manejo do choque séptico
O manejo do choque séptico é difícil e afeta a mortalidade dos pacientes mais graves na UTI. O uso de vasopressores é padrão neste manejo e a noradrenalina é a medicação mais recomendada como primeira linha quando a pressão arterial se mantém abaixo de 65 mmHg apesar de reposição de líquidos. Esta terapia necessita ser decidida e realizada em até 1 hora após diagnóstico da sepse. Em casos mais graves, considerados refratários a este manejo inicial, se considera o uso de vasopressina como adjuvante. A questão é que muitas vezes este efeito da vasopressina é variável, e não se comprovou alteração da mortalidade com a associação entre noradrenalina e vasopressina.
Parte do problema se passa em como definir o choque séptico refratário: alguns autores definem como doses elevadas (e variadas) de noradrenalina e outros o definem como uma decisão subjetiva do médico de iniciar vasopressina para melhorar a hemodinâmica.
Estudos recentes sugerem que o início mais precoce de vasopressina, com doses menores de noradrenalina, pode melhorar a chance de reversão do choque e talvez a mortalidade.
Este estudo realizado pela equipe do Dr. Pirracchio, demonstra que a ferramenta de decisão ao suporte clínico incorporada à ferramenta de prontuário clínico pode incrementar o uso de uma terapia com influência em mortalidade.
Conclusões
- O uso de vasopressina pode melhorar o prognóstico de pacientes com choque séptico, quando usado de forma mais precoce com noradrenalina em dose menor;
- Algoritmos que usam inteligência artificial e incorporam dados clínicos e laboratoriais podem acrescentar benefícios ao manuseio de pacientes complexos internados na UTI.
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