Nesta sessão do Congresso Europeu de Medicina Intensiva (ESICM 2023), o Prof. Manu Malbrain apresentou uma aula apresentando o racional da administração de fluidos, efeitos adversos e como evitar a sobrecarga volêmica.
Introdução
O racional da administração de fluidos é aumentar o débito cardíaco, aumentando a oferta tecidual de oxigênio. Entretanto, equilibrar a quantidade de fluidos a ser administrada é uma tarefa difícil, uma vez que tanto a hipovolemia quanto a hipervolemia podem resultar em injúria renal aguda e outras disfunções orgânicas.
Oligúria e hipotensão são as causas mais comuns de administração de fluidos em terapia intensiva.
Como definir fluido-responsividade e fluido-tolerância?
- Fluido-responsividade → Aumento de 10-15% do débito cardíaco após infusão de 500ml de volume
- Fluido-tolerância → Quantidade máxima de fluidos que pode ser ofertada sem provocar disfunção orgânica.
Devemos lembrar que fluido-responsividade é diferente da necessidade da administração de fluidos. Só devemos administrar fluidos nos pacientes fluido-responsivos na presença de sinais de hipoperfusão.
O que é a síndrome de acumulação de fluidos?
Síndrome de acumulação de fluidos é definida pelo acúmulo de fluidos associado a disfunção orgânica.
Mas, de onde vem todo esse fluido?
- Ressuscitação → 30ml/kg na Surviving Sepsis.
- Fluidos de manutenção → 1ml/kg/hr ou 25ml/kg/dia.
- Fluidos de reposição →Reposição de perdas por exemplo gastrointestinal.
- Nutrição → Necessidades calóricas diárias.
- Fluid Creep → Veículo para diluição de medicações e reposição de eletrólitos.
“Fluid Creep” é responsável por até 1/3 dos fluidos administrados aos pacientes.
O que seria o uso racional de fluidos?
Uma série de intervenção coordenadas, implementadas com objetivo de selecionar o tipo de fluido mais adequado, determinar a dose mais apropriada e estabelecer a duração da terapia que resulte no melhor desfecho clínico, evitando eventos adversos e reduzindo custos.
Mensagens para prática
- Balanço hídrico positivo está associado a disfunção orgânica, aumento de custos e piores desfechos.
- Atenção ao “Fluid Creep”. Devemos transicionar medicações para via oral assim que possível.
- Evitar solução de manutenção e caso necessário preferência por soluções hipotônicas e balanceadas (Pobres em Cloro).
- Evitar solução salina 0,9% pelo risco de hipernatremia e acidose metabólica.
- Oferta calórica-proteica deve ser ofertada pela via enteral assim que possível.
Confira aqui todos os destaques do ESICM 2023!
Autoria

Yuri Albuquerque
Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP) • Residência em Medicina Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) • Residência em Clínica Médica ano complementar (R3) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) • Médico intensivista rotina do hospital Samaritano Paulista • Título de Especialista em ECMO pela Extracorporeal Life Support Organization (ELSO) • Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
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