A sedação destinada aos indivíduos com choque séptico em ventilação mecânica é um desafio em decorrência dos impactos hemodinâmicos das fármacos rotineiramente empregados. Nesse aspecto, uma distinção relevante se faz entre a cetamina e o fentanil.
A cetamina é um derivado da fenciclidina que atua como um antagonista não competitivo do receptor de N-metil-D-aspartato (NMDA) e é dotada de propriedades anestésicas e analgésicas. Dessa forma, conta com relativa estabilidade hemodinâmica, sem agravar a hipotensão arterial, além de não deprimir o drive respiratório.
O fentanil, por sua vez, é um opioide potente capaz de deprimir a função miocárdica e agravar a hipotensão arterial ao induzir a vasodilatação periférica.
Um ensaio clínico randomizado (RCT) distribuiu cerca de 90 adultos com choque séptico, sob ventilação mecânica e com demanda por sedação em bolus em dois braços:
- Cetamina endovenosa (1 mg/kg);
- Fentanil endovenoso (1 mcg/kg).
A comparação entre os grupos foi pautada nas seguintes variáveis hemodinâmicas, avaliadas em 3, 6, 10 e 15 minutos após a intervenção:
- Débito cardíaco (DC);
- Volume sistólico (VS);
- Frequência cardíaca (FC);
- Pressão arterial média (PAM).
O desfecho primário foi a variação em percentual do DC no 6° minuto. Os desfechos secundários incluíram outras variáveis hemodinâmicas e a incidência de hipotensão pós-indução.
Resultados: cetamina versus fentanil
O DC avaliado no 6° minuto aumentou significativamente no grupo da cetamina (+71%) e diminuiu no grupo do fentanil (-31%), com p valor < 0,001.
A cetamina resultou em aumento significativo de DC, VS, FC e PAM em todos os tempos analisados em comparação ao fentanil. Por outro lado, não houve diferença significativa na incidência de hipotensão pós-indução entre os grupos e nenhum paciente precisou de doses adicionais de sedativos após a administração inicial.
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Conclusão e Aplicabilidade Clínica
- A cetamina se apresenta como uma opção provavelmente mais segura, sob o aspecto hemodinâmico, para a sedação em bolus entre pacientes críticos com choque séptico sob ventilação mecânica, reduzindo a demanda por drogas vasopressoras.
- A reprodutibilidade desses achados deve ser avaliada em novos ensaios clínicos randomizados antes que a cetamina possa ser definida como a droga de escolha para a sedação no choque séptico.
Autoria

Julia Vargas
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