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Terapia Intensiva16 novembro 2022

CBMI 2022: Vasodilatadores no choque séptico — uma opção aberta?

A justificativa para o uso de vasodilatadores na sepse é explorar o potencial de melhorar o fluxo sanguíneo na microcirculação.

Por Filipe Amado

O uso de vasopressores na estratégia de ressuscitação hemodinâmica na sepse é altamente recomendado e embasado pelas principais diretrizes. No entanto, ainda é motivo de pesquisa o correto timing e indicação do uso dos vasodilatadores. O tema foi discutido no CBMI 2022 pelo prof. Gilberto Friedman (RS).

Ao longo dos últimos anos, apesar da pesquisa da fisiopatologia e tratamento da sepse, sua mortalidade ainda permanece elevada. A evolução para falência de múltiplos órgãos ainda é comum em pacientes sépticos mesmo após restabelecimento da estabilidade hemodinâmica. Isso parece estar relacionado à redistribuição do fluxo sanguíneo entre os órgãos e no interior dos mesmos, evidenciada através de estudos da microcirculação e de alterações celulares de morfologia ou função, como a disfunção mitocondrial.

Leia também: CBMI 2022: INOVA AMIB – Paciente de longa permanência na UTI

Causas de morte no choque séptico

Em publicação do próprio professor Friedman (Friedman et al. Critical Care Medicine. 1995), avaliações hemodinâmicas seriadas mostram que 80 a 90% estão relacionadas à baixa resistência vascular sistêmica e não ao baixo débito cardíaco. Pacientes sépticos morrem por incapacidade de regular a circulação periférica.

A microcirculação pode melhorar em resposta ao tratamento?

A justificativa para o uso de vasodilatadores na sepse é explorar o potencial de melhorar o fluxo sanguíneo na microcirculação. Os mediadores da vasodilatação são essenciais para manter o fluxo sanguíneo mesmo durante o choque endotóxico. O conceito de pressão de perfusão sistêmica (PAM – PVC), representado pela diferença entre a Pressão Arterial Média e a Pressão Venosa Central, precisa ser expandido.

A disfunção microcirculatória possui relação direta com um pior prognóstico.

O comprometimento da microcirculação na sepse ocorre de forma heterogênea, com áreas com capilares apresentando fluxo muito lento ou mesmo sem fluxo, próximas a áreas com perfusão capilar preservada, fazendo que parte de um órgão esteja isquêmico mesmo quando a oferta global de oxigênio para esse mesmo órgão estiver preservada

Devemos então pensar na driving pressure da microcirculação.

Tal pressão é representada pela diferença entre a pressão de entrada pré-capilar e a pressão de saída a nível de capilares venosos.

De acordo com publicação de Vellinga et al (BMC Anesthesiology, 2013), a elevação da pressão venosa central (PVC) pode agir como obstrução ao fluxo de saída na perfusão orgânica/microcirculação em pacientes sépticos.

Novas evidências

O estudo “Nitroglycerin infusion improves peripheral perfusion of patients with septic shock” do grupo do prof. Friedman, ainda não publicado, trouxe evidências interessantes sobre o tema.

A infusão endovenosa de nitroglicerina mostrou-se segura na reversão das anormalidades da perfusão periférica. O tempo de enchimento capilar, como mensuração da perfusão periférica, é uma ferramenta de monitorização fácil de aplicar e efetiva para titular o benefício da nitroglicerina nos pacientes com choque séptico.

Saiba mais: CBMI 2022: INOVA AMIB – aplicação prática da telemedicina na UTI

Mensagens Práticas — vasodilatadores no choque séptico

Para quem? Pacientes com a macrohemodinâmica restaurada. E microcirculação alterada.

Qual mecanismo? Melhora das pressões motrizes (driving pressures).

Como? Através da infusão EV de nitroglicerina. Tal medida mostrou-se segura na reversão das anormalidades da perfusão periférica.

Monitorização? O TEC (tempo de enchimento capilar) é uma ferramenta de monitorização fácil de aplicar e efetiva para titular o benefício da nitroglicerina nos pacientes com choque séptico.

CBMI 2022: Confira a cobertura do Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva

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Referências bibliográficas

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