Caminhos para a formação do médico intensivista
O intensivista é responsável direto por pacientes graves. O conhecimento técnico é a base para executar processos e manejar condições graves.
A medicina intensiva é, sem dúvidas, uma especialidade jovem, a nível mundial. Nos anos 1970, o mundo passava por grandes avanços na medicina. No Brasil, no mesmo período, a sala 4030 do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo iniciava uma revolução na forma como o paciente grave era tratado, sendo considerado por muitos o embrião da Medicina Intensiva e do médico intensivista no Brasil. Nessa sala, os doentes que estavam sob assistência ventilatória prolongada eram colocados juntos, para observação e acompanhamento do seu quadro evolutivo.
Em 1981, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) filiou-se à Associação Médica Brasileira (AMB) e o primeiro concurso do Título de Especialista foi realizado. Em 1991, a terapia intensiva foi confirmada como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
De lá para cá, inovações tecnológicas nas UTIs, avanços nas resoluções sobre funcionamento das UTIs e nos programas de formação do intensivista foram alcançados. Durante a pandemia, com o maior número de pacientes graves, a necessidade de mais médicos com formação em Medicina Intensiva ficou evidente.
Como se tornar um médico intensivista?
Sem dúvidas, você deve entender que cuidará de pacientes em fases variadas de gravidade e sua atuação, em conjunto com a equipe multidisciplinar, será fundamental para a sobrevida de vários doentes. Decisões rápidas, conhecimento de ventilação mecânica, monitorização hemodinâmica, habilidades de comunicação, integração de equipe e domínio das principais síndromes do paciente grave serão habilidades necessárias.
Os caminhos para ser um intensivista
Atualmente, para você se tornar um especialista em Medicina Intensiva pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), você deve ter Residência Médica em Medicina Intensiva. Nesse caso, a especialidade é reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação), após a conclusão do programa. Outra forma é através da obtenção do Título de Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira). Através dele, você será reconhecido pelo CFM como especialista. Os dois formatos vão lhe garantir, de maneira formal, o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Medicina Intensiva.
Residência Médica em Medicina Intensiva
No dia 18/06/2021 a Comissão Nacional de Residência Médica publicou no Diário Oficial da União a Resolução nº 5, de 17 de junho de 2021. Tal documento aprovou a matriz de competências dos Programas de Residência Médica em Medicina Intensiva. A partir dela, os programas passaram a ter três anos de formação, com acesso direto, sem necessidade de pré-requisito. A matriz de competências foi aplicada nos programas iniciados a partir de agosto de 2021.
Anteriormente, era necessário pré-requisito em Clínica Médica, Anestesiologia, Cirurgia Geral, Infectologia ou Neurologia. Com a modificação acima, o acesso tornou-se direto.
Várias instituições possuem programas de Residência em Medicina Intensiva, como o Hospital das Clínicas da FMUSP, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Albert Einstein, UNICAMP, SUS-SP, UFRJ, UERJ, IAMSPE, entre outras instituições. O edital de cada prova trará particularidades sobre o funcionamento específico de cada programa.
Programa de Especialização em Medicina Intensiva (PEMI) – AMIB
De acordo com a AMIB, o Programa de Especialização em Medicina Intensiva – PEMI, consiste em um programa de 60 horas semanais através de vivências médicas para capacitação, de modo que exerca a profissão de especialista em Medicina Intensiva.
O PEMI é de acesso direto e proporciona treinamento teórico e prático em Centros Formadores AMIB, devidamente credenciados e reconhecidos para tal função, habilitando seu egresso a prestar prova de título de especialista em Medicina Intensiva AMIB/AMB (Associação Médica Brasileira)..
Você pode encontrar mais informações sobre Centros Formadores com PEMI-AMIB, clicando aqui (https://www.amib.org.br/centros-formadores/).
Não fiz PEMI nem Residência, posso prestar a prova de título?
Um outro caminho adotado é do profissional que tem experiência comprovada na área de Medicina Intensiva e deseja prestar a prova de título da AMIB para garantia da especialidade.
De acordo com o último edital da prova de título da AMIB (disponível em https://www.amib.org.br/wp-content/uploads/2022/06/Edital-TEMI-medicina-intensiva-adulto…pdf), para candidato sem treinamento específico em Medicina Intensiva, ou seja, sem Residência Médica em Medicina Intensiva e sem especialização (sem PEMI-AMIB em Centro Formador Oficial), o mesmo deverá comprovar a experiência cumprindo os seguintes requisitos:
Declaração de experiência profissional em período de tempo mínimo de 6 (seis) anos. Tal experiência deve ser comprovado por jornada de trabalho de, no mínimo, 20 (vinte) horas semanais como plantonista em UTI, por período de pelo menos 6 (seis) anos, sendo que essa atividade deve ser ininterrupta nos últimos 2 (dois) anos;
Declaração de experiência profissional em período de tempo mínimo equivalente ao dobro do tempo de formação do respectivo Programa de 3 (três) anos de Residência Médica em Medicina Intensiva.
Vale ressaltar que a prova de Título da AMIB considera pontos para Análise Curricular. O candidato pode obter até 100 pontos. Quem fez residência médica ou PEMI já obtém os 100 pontos. Os candidatos que não fizeram PEMI ou Residência podem pontuar através de participação na Pós-Graduação, cursos AMIB e congressos/eventos da especialidade, conforme Edital.
Ao fim, três caminhos possíveis. Qual o melhor?
O melhor caminho para uma adequada formação depende de múltiplos fatores. Sem dúvidas, o seu esforço e dedicação à especialidade possibilitarão uma formação sólida. No entanto, a escolha do centro de formação e a experiência do mesmo em formação de intensivistas influencia nesse processo.
Você deve buscar no seu Centro Formador ou Programa de Residência Médica características como:
- Experiência dos preceptores;
- Estrutura do hospital e recursos disponíveis na UTI (contar com recursos avançados de monitorização, ultrassom e ventilação mecânica são importantes para sua formação);
- Atividades de ensino: o programa deve ter um cronograma de capacitações teóricas e práticas e fomentar a discussão científica entre os participantes;
- Atividades de pesquisa: é importante observar se naquele centro a pesquisa científica é incentivada. Este item facilitará o desenvolvimento de trabalhos para congressos e artigos para revistas;
- Convênios para estágios nacionais e internacionais.
O médico intensivista é responsável pelo cuidado direto a pacientes graves. O conhecimento técnico é imprescindível para execução de procedimentos à beira-leito, assim como manejo de variadas condições graves. As competências para a formação do Médico Intensivista são resumidas pelo PROCOMI (acesse aqui).
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