A cada ano, 1 a 3 milhões de pessoas nos Estados Unidos são diagnosticadas com sepse. No Brasil, ela é responsável por 25% da ocupação de leitos em UTIs. Um novo relatório do CDC traz um alerta para que os profissionais de saúde façam mais para prevenir, reconhecer e tratar a sepse.
O CDC realizou um estudo retrospectivo de 246 adultos e 79 crianças de quatro hospitais de Nova York, com sepse grave ou choque séptico. A idade média dos pacientes adultos foi de 69 anos e 52% eram do sexo masculino. O grupo pediátrico incluiu 31 crianças menores de 1 ano e 48 crianças entre 1 e 17.
Espelhando outros estudos, septicemia ocorreu mais frequentemente entre os pacientes com uma ou mais comorbidades. Mas o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a constatação de que cerca de 80% dos pacientes desenvolveram infecções fora do hospital.
O estudo também revelou que 72% dos pacientes com sepse tinham visitado um médico no mês anterior ou tinham doenças crônicas, o que mostra oportunidades para a prevenção ou reconhecimento precoce de infecções que levam a sepse.
Quem mais sofre
De acordo com o relatório, a sepse está mais frequentemente associada com infecções do pulmão, trato urinário, pele e intestinos. A pneumonia é a infecção mais comum que leva à sepse.
Os indivíduos em alto risco de sepse são pessoas com 65 anos ou mais, crianças menores de 1 ano, pacientes com sistemas imunológicos enfraquecidos e aqueles com condições médicas crônicas, como diabetes.
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O que fazer
Os pesquisadores também indicaram seis sintomas chaves da sepse, que não são amplamente conhecidos:
– calafrios, febre ou sentir muito frio;
– dor ou desconforto extremo;
– pele pegajosa ou suada;
– confusão ou desorientação;
– falta de ar;
– batimentos cardíacos acelerados.
O Dr. Eric Perecmanis, médico especialista em Terapia Intensiva pela AMIB e colunista da PEBmed, destacou a importância do relatório do CDC:
“Campanhas com intuito informativo são amplamente divulgadas para prevenção de doenças prevalentes e de elevada morbidade e mortalidade. Com pouco esforço vários exemplos vem a nossas mentes, entre eles: câncer de mama e próstata, tuberculose, AVE e infarto agudo do miocárdio. Esse último talvez, o mais difundido de todos pela mídia ao longo dos anos. Dificilmente alguém com dor no peito não se encaminhará a uma emergência nas primeiras horas de sintomas. Por que seria diferente com a sepse?” – questiona Dr. Eric.
No relatório, o CDC destaca algumas ações importantes:
- Educar os pacientes e suas famílias: reforce a necessidade de prevenir infecções, gerenciar as condições crônicas e, se uma infecção não está a melhorando, procurar imediatamente um médico.
- Pensar em ‘sepse’: conheça os sintomas para identificar e tratar pacientes mais rápido.
- Agir rápido: se existir suspeita, solicite exames para ajudar a determinar se uma infecção estiver presente, onde e o que causou isso. Comece com antibióticos e outros cuidados médicos recomendados imediatamente.
- Reavaliar o doente: verifique o progresso do paciente com freqüência. Faça uma reavaliação da terapia antibiótica de 24 a 48 horas mais cedo, conforme necessário. Determine se o tipo de antibióticos, dose e duração estão corretas.
“Finalmente o mundo se dá conta que o diagnóstico e tratamento precoce desta patologia também muda seu desfecho. Estamos muito longe do ideal, especialmente em nosso país, mas espero que a intenção venha para ficar” – finaliza o Dr. Eric.
Referências:
- https://www.cdc.gov/vitalsigns/sepsis/
- https://www.amib.org.br/detalhe/noticia/estudo-revela-que-brasil-ainda-tem-alta-prevalencia-de-mortalidade-por-sepse-infeccao-generalizada-em-todas-as-regioes-do-pais/
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