Esta semana, falamos no Portal PEBMED sobre um caso de tamponamento cardíaco. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, vamos abordar a apresentação clínica e diagnóstico do tamponamento cardíaco.
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Apresentação clínica
Anamnese
Quadro clínico: Depende da etiologia e da velocidade de instalação de líquido no espaço pericárdico. Pode ser classificado como agudo (minutos) ou subagudo (dias a semanas).
- Nas patologias que causam:
- Hemorragia (trauma, dissecção, iatrogenia, rotura miocárdica), a pressão aumenta rapidamente em questão de minutos a horas, com quadro de:
- Lipotimia seguida de síncope;
- Choque cardiogênico;
- PCR em assistolia ou AESP;
- Inflamatória de baixa intensidade: a compressão cardíaca ocorre em semanas a meses, com grande acúmulo de líquido, devido à distensão e à adaptação do pericárdio (ex.: hipotireoidismo). Os sinais e sintomas de IC, como fadiga, edema e dispneia, podem preceder o colapso hemodinâmico;
- Derrame pericárdico de baixa pressão: derrame que, em condições normais, não causaria tamponamento, porém o faz devido à redução das pressões intracardíacas ou da volemia (ex.: hemodiálise, perdas sanguíneas, uso excessivo de diuréticos em paciente com derrame);
- Tamponamento cardíaco regional: derrame loculado, bem localizado, como, por exemplo, um hematoma que comprime caprichosamente alguma câmara cardíaca, gerando tamponamento cardíaco.
Exame Físico
Taquipneia com ausculta pulmonar indolente, taquicardia, hipotensão arterial, abafamento de bulhas, turgência jugular e pulso paradoxal (queda elevada da pressão arterial sistólica com a inspiração). O sinal de Kussmaul, caracterizado com estase venosa jugular durante a inspiração profunda, raramente é visto no tamponamento cardíaco, sendo mais comum na pericardite constrictiva.
Abordagem Diagnóstica
ECG: Taquicardia sinusal, complexos QRS de baixa voltagem, com amplitude máxima de 5 mm em derivações do plano frontal e 10 mm no plano horizontal; alternância elétrica (swinging heart syndrome).
RX de tórax: Normal na maioria dos pacientes. Usualmente, 200 mL de líquido são necessários para determinar aumento da área cardíaca. Em derrames de instalação lenta, pode haver grande aumento de área cardíaca com morfologia globosa.
Ecocardiograma:
- Exame mais importante. Seus achados podem preceder o surgimento de hipotensão e pulso paradoxal, permitindo diagnóstico e tratamento precoce. Considerar ECO transesofágico em casos duvidosos. Além da visualização direta do derrame pericárdico, os principais achados que indicam o tamponamento são:
- Colapso diastólico do átrio direito;
- Colapso diastólico precoce do VD;
- Interdependência ventricular;
- Dilatação da VCI e ausência de colapso inspiratório (< 50%);
- Fluxo diastólico reverso em veias hepáticas;
- Redução do fluxo mitral (≥ 30%) e aumento do fluxo tricúspide com a inspiração.
Tomografia e ressonância magnética cardíaca: Pacientes com janelas ecocardiográfica desfavoráveis podem ser úteis para detectar derrames loculados, espessamentos e calcificação intrapericárdica, colapso de câmaras cardíacas e dilatação da VCI.
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