Variante da gripe aviária com sinais de adaptação em mamíferos nos EUA

De acordo com um novo relatório técnico do Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a nova variante da gripe aviária (H5N1), que recentemente infectou vacas leiteiras em Nevada, nos Estados Unidos, apresenta uma variação genética que facilita a replicação do vírus em mamíferos. Ainda não é claro se essa variação apresenta um risco maior para as pessoas. Entretanto, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o risco de contaminação por gripe aviária para humanos ainda é baixo. Pessoas que trabalham em fazenda estão expostas a um risco maior.

O relatório do USDA foi publicado após o primeiro caso de infecção em humano ser identificado no estado, em um trabalhador de uma fazenda de laticínios que teve conjuntivite como um dos sintomas.

Subtipo D1.1 da gripe aviária

O sequenciamento genético da variante presente no gado infectado revelaram se tratar do subtipo D1.1 da H5N1, que está associada a duas infecções graves na América do Norte.

“Embora o genótipo D1.1 tenha sido a cepa dominante circulando em aves selvagens migratórias em todas as quatro rotas de voo da América do Norte durante o inverno de 2024-2025, esses casos de Nevada representam a primeira detecção de um genótipo diferente do B3.13 em gado leiteiro dos EUA e o segundo caso de transmissão da variante de pássaros para gado.”, diz o relatório.

Os pesquisadores ainda não têm certeza de como a variante D1.1 foi transmitida às vacas de Nevada. Entretanto, produtores de leite da área que tiveram seus rebanhos infectados relataram grandes mortes de pássaros selvagens perto de suas fazendas antes que suas vacas adoecessem, de acordo com o USDA.  Os investigadores acreditam que a transmissão da variante para as vacas pode ter sido dada através do contato com as aves mortas ou com fezes contaminadas.

Uma alteração de PB2 D701N comumente associada à adaptação mamífera do vírus HPAI foi identificada em vírus sequenciados de quatro bovinos leiteiros separados. Até o momento, essa alteração não foi observada no vírus D1.1 encontrado em aves selvagens ou aves domésticas e não é encontrada em vírus do genótipo B3.13 detectados em gado leiteiro.

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Nesse novo contexto, o sequenciamento genético do vírus D1.1 encontrou uma mutação que ajuda o vírus a se replicar de forma mais eficiente nas células de mamíferos, incluindo humanos, colocando em risco, principalmente, trabalhadores de fazendas.

A cepa D1.1 foi inicialmente encontrada em pássaros selvagens em setembro de 2024, segundo a USDA. No final de outubro, o subtitpo do H5N1 foi confirmado em trabalhadores que estavam abatendo aves infectadas em uma fazenda no estado de Washington. Embora esses trabalhadores tenham desenvolvido sintomas respiratórios, suas infecções foram descritas como leves.

Veterinários infectados

No último dia 13 de fevereiro, o CDC publicou novo estudo relatando a presença de anticorpos para H5N1 em veterinários que participaram de uma convenção em setembro. De acordo com os responsáveis pelo relatório, a surpresa foi que nenhum desses veterinários havia relatado contato com animais infectados, o que sugere que o surto de gripe aviária nos Estados Unidos pode estar afetando mais estados do que as estatísticas oficiais sugerem.

“Nós não conhecemos a extensão deste surto nos Estados Unidos. Claramente, estão ocorrendo infecções que não estamos detectando”, declarou a virologista Seema Lakdawala, em entrevista ao New York Times.

Gripe aviária: Panorama Brasileiro

Segundo o Ministério da Saúde, nenhum caso de gripe aviária em humano foi confirmado ou está atualmente em investigação no Brasil. Apesar disso, o governo lançou, em dezembro de 2024, o Plano Nacional de Contingência Nacional do Setor Saúde para Influenza Aviária. O documento tem o intuito de intensificar a vigilância e a prevenção contra a gripe aviária em humanos.

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*Esse artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya