Vacina do Butantan tem 89% de eficácia na proteção contra dengue grave
Resultados recentes da fase 3 da vacina contra a dengue do Instituto Butantan, publicados na The Lancet Infectious Diseases, mostraram 89% de proteção contra casos graves e eficácia segura por até cinco anos. O estudo reforça a continuidade do desenvolvimento da vacina para pessoas de 2 a 59 anos, independentemente de infecções anteriores.
O artigo recém-publicado detalha os resultados da imunização de 16 mil voluntários, acompanhados por cerca de 3,7 anos, entre fevereiro de 2016 e julho de 2019. Durante esse período, o risco de dengue sintomática foi maior no grupo que recebeu placebo, enquanto a vacina demonstrou 89% de eficácia contra casos graves ou com sinais de alerta.
Eficácia
A eficácia geral da vacina contra dengue sintomática foi de 67,3%, variando entre 75,8% para o sorotipo DENV-1 e 59,7% para DENV-2. Não houve infecções detectadas por DENV-3 e 4. Mesmo durante um surto em 2019, a vacina manteve sua proteção, após uma queda nos casos de dengue entre 2017 e 2018.
Por ser aplicada em dose única, a vacina deverá ter mais adesão de público, diferentemente de outras que requerem várias doses. Em janeiro, o Ministério da Saúde incluiu a primeira vacina contra a dengue no SUS para crianças de 10 a 14 anos. Até agosto de 2024, São Paulo registrou 2 milhões de casos de dengue e 1.500 mortes, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
O imunizante
Desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA, a vacina contra a dengue começou a ser elaborada em 2009 com as quatro cepas virais cedidas ao Butantan.
A fase 1 do ensaio clínico ocorreu entre 2010 e 2012, nos EUA, e a fase 2 foi realizada no Brasil entre 2013 e 2015. A fase 3, iniciada em 2016 e ainda em andamento, está sendo conduzida no Brasil e envolverá o acompanhamento de 16.235 voluntários por cinco anos.
Resultados preliminares mostraram eficácia de 79,6% em dois anos. O Butantan também firmou um acordo com a farmacêutica MSD em 2018 para acelerar o desenvolvimento e registro internacional da vacina.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.
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