A nova vacina combinada da Moderna contra covid-19 e gripe apresentou desempenho superior aos imunizantes tradicionais aplicados separadamente, segundo resultados de um ensaio clínico de fase 3 publicados no Journal of the American Medical Association (JAMA). O imunizante usa a mesma tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) do já aprovado imunizante da Moderna contra a doença. Atualmente, não existem vacinas contra a gripe baseadas em mRNA aprovadas.
Dose combinada
O estudo, financiado pela própria empresa, envolveu mais de 8 mil adultos com 50 anos ou mais, recrutados entre outubro e novembro de 2023. Entre os participantes de 50 a 64 anos, o novo imunizante foi comparado com a vacina contra a covid da Moderna e com a vacina contra gripe Fluarix. Para o grupo de 65 anos ou mais, a comparação foi feita com a vacina contra gripe Fluzone, de dose mais alta, indicada para idosos. Os voluntários receberam ou os imunizantes tradicionais ou a nova vacina combinada com um placebo — ambos os grupos, portanto, tomaram duas injeções.
O principal objetivo do estudo era avaliar se a nova vacina induzia uma resposta imunológica mais forte, com maiores níveis de anticorpos no sangue, contra várias cepas da gripe e contra a variante XBB 1.5. Essa análise sorológica é uma forma comum de prever a eficácia e a duração da proteção de uma vacina.
Reações esperadas: vacina combinada contra covid-19 e gripe
Os resultados mostraram que os níveis de anticorpos foram mais altos em quem recebeu a vacina combinada, com exceção de uma cepa da gripe. Segundo o Dr. Buddy Creech, infectologista pediátrico da Universidade Vanderbilt, os níveis aumentaram entre 20% e 40%. Dr. Jesse Goodman, da Universidade de Georgetown, avalia que os dados “sugerem uma proteção igual ou superior às vacinas tradicionais”.
Apesar de efeitos colaterais, como febre e calafrios, terem sido mais frequentes, os especialistas explicam que isso é esperado, já que o sistema imunológico reage como se estivesse combatendo os dois vírus ao mesmo tempo.
A Moderna pretende usar os dados para solicitar aprovação da FDA. A empresa, porém, só espera o aval regulatório em 2026. Especialistas consideram a vacina uma inovação promissora, especialmente em um cenário de baixa adesão às campanhas sazonais de vacinação.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.
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