Pesquisas da Fiocruz, em parceria com as ONGs ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, apontam que alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas geram gastos anuais de R$ 28 bilhões ao Sistema Único de Saúde.
Os custos diretos com ultraprocessados somam R$ 933,5 milhões, enquanto os indiretos, como mortes prematuras, chegam a R$ 10,4 bilhões. O consumo de álcool adiciona R$ 18,8 bilhões ao montante.
Os dados obtidos através da pesquisa sugerem que algumas medidas devem ser adotadas, como a cobrança de impostos seletivos para desestimular o consumo desses produtos e financiar políticas públicas, o que ajudaria a reduzir doenças como diabetes, hipertensão e obesidade.
A inclusão desses impostos na reforma tributária também é defendida como forma de justiça fiscal e de financiamento do SUS. Pedro de Paula, diretor da Vital Strategies no Brasil, destaca que essa abordagem visa compensar os custos sociais e de saúde causados por setores que lucram com produtos prejudiciais.
Números alarmantes do impacto de ultraprocessados e álcool
O consumo de ultraprocessados e de álcool está relacionado a 57 mil e 105 mil mortes anuais, respectivamente. Especialistas estimam que a adoção de impostos seletivos poderia evitar até 40 mil mortes por ano.
Além de impactos diretos na saúde, como doenças graves e mortes, o estudo aponta efeitos indiretos do álcool, como aumento na violência doméstica e acidentes de trânsito.
Custos ocultos
No início do mês, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação divulgou o relatório State of Food and Agriculture (SOFA) 2024, que revelou que os custos ocultos da cadeia alimentar global somam cerca de US$ 12 trilhões anuais.
De acordo com o documento, desse total, 70% (US$ 8 trilhões) estão ligados a padrões alimentares prejudiciais à saúde e doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), superando os impactos de degradação ambiental e desigualdades sociais.
Pesquisadores identificaram 13 fatores de risco alimentar: como baixo consumo de grãos integrais, frutas e vegetais, excesso de sódio e ingestão elevada de carnes processadas. Esses custos de saúde predominam em sistemas alimentares mais industrializados.
O SOFA 2024 aponta ainda os diversos impactos ambientais e sociais causados pela agricultura insustentável e pelos sistemas tradicionais de produção agrícola.
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