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Saúde27 agosto 2025

SUS passará a oferecer nova tecnologia para detecção de câncer do colo do útero 

Ministério da Saúde iniciou implementação do teste molecular de DNA-HPV, tecnologia 100% nacional, que deverá estar disponível em todo o país em 2026 
Por Redação Afya

O câncer do colo do útero é uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil e representa um desafio persistente para o sistema público de saúde. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam cerca de 17 mil novos casos por ano até 2025, com forte impacto na sobrevida das pacientes e nos custos do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar dos avanços em prevenção e diagnóstico, o país enfrenta dificuldades relacionadas à cobertura vacinal e ao diagnóstico precoce. 

Leia mais: Rio amplia vacinação contra HPV para jovens até 19 anos e reforça prevenção 

Diagnóstico tardio aumenta riscos 

Um estudo recente mostrou que 60% dos casos no Brasil ainda são identificados em estágios avançados, aumentando a necessidade de tratamentos complexos, como quimioterapia, internações e procedimentos adicionais. Além do impacto clínico, esse cenário eleva significativamente os gastos hospitalares e acentua as desigualdades, já que a maioria das mulheres afetadas depende exclusivamente do SUS. A pandemia de Covid-19 agravou esse quadro, reduzindo em até 25% os procedimentos de radioterapia e atrasando diagnósticos. 

SUS passará a oferecer nova tecnologia para detecção de câncer do colo do útero 

Modelo anatômico do útero. Imagem de freepik

Novas estratégias de prevenção 

Para enfrentar esse problema, o Ministério da Saúde iniciou a implementação do teste molecular de DNA-HPV no SUS, tecnologia 100% nacional que será gradualmente ofertada em 12 estados até alcançar todo o país em 2026. O exame substitui o Papanicolau como método primário de rastreamento, com maior sensibilidade e intervalos de coleta ampliados para até cinco anos. Além disso, possibilita identificar a infecção pelo HPV antes mesmo do aparecimento de lesões, permitindo tratamento precoce e reduzindo a mortalidade. O programa prevê ainda a autocoleta de material ginecológico, ampliando o acesso para populações em situação de vulnerabilidade. 

Leia ainda: Uma em cada três mulheres com câncer de mama tem menos de 50 anos 

Apesar da inovação diagnóstica, a prevenção por meio da vacinação contra o HPV continua sendo a principal estratégia de longo prazo. No entanto, os índices de cobertura ainda estão abaixo do ideal em algumas faixas estárias. Uma campanha lançada neste ano para vacinar adolescentes de 15 a 19 anos, que não receberam a vacina entre 9 e 14 anos, alcançou apenas 1,5% do público-alvo até agora. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é atingir cobertura superior a 90% para que seja possível eliminar o câncer do colo do útero como problema de saúde pública. 

Já a vacinação mais estabelecida, de meninas de 9 a 14 anos, conseguiu atingir 82% de cobertura vacinal em 2024 segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre meninos nessa faixa etária a cobertura chegou a 67%. A vacinação contra HPV está disponível no SUS desde 2014, inicialmente voltado apenas para meninas, hoje contempla meninos, imunossuprimidos, vítimas de violência sexual, usuários de PrEP e crianças com papilomatose respiratória recorrente. Desde 2024, o Brasil utiliza esquema vacinal em dose única para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, substituindo o modelo anterior de duas doses. De acordo com o Ministério da saúde, “a iniciativa faz parte do compromisso do Brasil com a OMS para eliminar o câncer de colo do útero, que prevê atingir 90% de cobertura vacinal entre meninas até 2030”.

Combinando novas tecnologias de rastreamento, ampliação da vacinação e ações educativas para combater a desinformação, o Brasil busca acelerar o diagnóstico e reduzir as desigualdades no acesso à prevenção e ao tratamento. O desafio é grande, mas especialistas apontam que, com estratégias coordenadas, o país pode se aproximar da meta global de eliminação da doença nas próximas décadas. 

Saiba mais: Novas diretrizes para rastreio do câncer de colo de útero [vídeo]

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Referências bibliográficas

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