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Saúde24 abril 2024

Soroterapia e a importância de alertar o paciente

Soroterapia promete embelezamento, rejuvenescimento, emagrecimento, mas pode entregar reações adversas, intoxicação e até choque anafilático.

O que não falta na internet, hoje, é material sobre soroterapia – ou terapia injetável. Se, de um lado, vemos clínicas oferecendo o tratamento como algo milagroso para fins de embelezamento, rejuvenescimento, ganho de massa muscular e emagrecimento, de outro, temos muitos representantes da comunidade médica preocupados com a alcance que o procedimento vem tomando e, principalmente, com os riscos que pode oferecer à saúde dos pacientes.  

A soroterapia nada mais é do que um combo de tratamentos que utilizam compostos para corrigir desequilíbrios existentes no organismo ou melhorar seu funcionamento. Já bastante conhecido nos Estados Unidos, vem encontrando cada vez mais adeptos no Brasil, de um tempo para cá, incentivado por influencers de beleza e lifestyle nas redes sociais. 

“A situação se torna ainda mais delicada, quando se constata a ausência de estudos clínicos avaliando a segurança e a eficácia desse procedimento. Hoje, nenhuma sociedade médica aprova esse procedimento”, diz a endocrinologista Dra. Nathalia Nicolau.  

Historicamente, a suplementação endovenosa é usada em situações em que o paciente carece de vitaminas e minerais em decorrência de distúrbios de absorção intestinal ou restrição ingestão oral desses micronutrientes. 

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shampoo com óleo de melaleuca

Riscos 

Apesar de fazer uso apenas de substâncias naturais ao organismo, como vitaminas, minerais e aminoácidos, a terapia injetável foi recentemente manchete de jornais e TV, ao ser associada à internação hospitalar de alguns pacientes, incluindo um deputado estatual de Sergipe. 

Em meados de abril, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) promoveu uma operação de controle em estabelecimentos que oferecem o serviço. Do total de clínicas visitadas, 16 prometiam resultados, 17 não apresentavam o registro no CRM e nenhum estabelecimento informava o RQE, registro de qualificação de especialidade. O exemplo foi seguido pelo CREMERJ, que anunciou que em breve a mesma operação em nível estadual. 

Exageros na dose 

A grande preocupação das autoridades e dos médicos é a possibilidade de reações adversas, desde as mais leves, como incômodo local, às mais graves, como choque anafilático. O uso indevido dos soros ou a má administração por profissionais despreparados podem causar sérias complicações, incluindo intoxicações, infecções sistêmicas e danos aos tecidos internos.  

Padronização 

A falta de regulamentação na produção e administração de soroterapia também chama atenção, já que as clínicas não costumam disponibilizar informações prévias sobre a composição dos soros e a concentração de seus ingredientes.  

Nos supostos “soros da beleza” podem estar presentes zinco, complexo B, magnésio, ferro, vitamina C, resveratrol, selênio, aminoácidos, Coenzima Q 10, entre outras substâncias e combinações. Dependendo da clínica e da finalidade, as aplicações custam entre R$ 200 e R$ 1.000. 

Vale a máxima 

Assim como para todos as ofertas milagrosas, em relação à soroterapia, ainda vale aquela máxima que diz: “Desconfie”. O público leigo pode se iludir e ser enganado pelos tratamentos que são oferecidos. Mas é preciso deixar claro que o milagre não existe na Medicina. Para alcançar resultados fazemos muito estudos, consultas e diagnósticos”, comentou o presidente do CREMERJ, Walter Palis, em entrevista recente. 

“Então, se o paciente não for uma pessoa que de fato necessite de suplementação de micronutriente, seja endovenosa e até mesmo oral, a prescrição mais valiosa que se pode fazer é uma alimentação saudável e balanceada, sono regular e atividade física, que são o suficiente para prover os níveis de saúde e bem-estar tão almejados”, finaliza Dra. Nathalia.

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.

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