O relatório “World health statistics report 2025”, divulgado na última semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou os impactos causados pela pandemia de covid-19 na saúde e bem-estar global. Em dois anos, entre 2019 e 2021, a expectativa de vida global caiu 1,8 anos — a maior queda em décadas — revertendo uma década de avanços na saúde. A pandemia também levou ao aumento da ansiedade e depressão, diminuindo a expectativa de vida em 6 semanas.
O relatório avaliou o progresso do projeto “Triple Billion Targets” da OMS, que estipulou três objetivos globais que visam beneficiar três bilhões de pessoas no âmbito da saúde até 2030. A análise revelou tanto os impactos da pandemia quanto uma desaceleração dos avanços na saúde que já havia começado antes da pandemia. Desde então, recuperar esses avanços e retomar o progresso está cada vez mais difícil.
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Segundo o estudo, aproximadamente 1,4 bilhões de pessoas estavam vivendo de forma mais saudável até o fim de 2024, através da redução do uso do tabaco, melhora na qualidade do ar e maior acesso à água, higiene e saneamento. Apesar disso, avanços na cobertura de serviços de saúde essenciais e em emergência foram limitados.
Após dois anos de progresso na diminuição da mortalidade materna e infantil, as métricas estagnaram, colocando milhões de vidas em risco. Baixo investimento em saúde primária, escassez de profissionais de qualidade e falhas em procedimentos como imunização e parto seguro são os motivos que impedem o progresso.
Sem medidas urgentes para alavancar os avanços de saúde, o mundo corre o risco de não conseguir evitar mais de 700 mil mortes maternas e 8 milhões de mortes de crianças menores de 5 anos entre 2024 e 2030.
Doenças crônicas
O relatório da OMS destaca que as mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) — como doenças cardíacas, derrame, diabetes e câncer — estão aumentando e representam a maioria das mortes entre pessoas com menos de 70 anos em todo o mundo.
Embora haja certo progresso para reduzir a mortalidade por DCNTs por parte de governos e sociedades civis que se comprometeram com ações como a diminuição do uso de tabaco e do consumo global de álcool, o mundo ainda não está no caminho certo para reduzir, de forma considerável, a mortalidade até 2030.
Doenças infecciosas
As taxas de incidência do HIV e da tuberculose estão diminuindo e menos pessoas estão demandando tratamento para doenças tropicais negligenciadas. No entanto, a malária voltou a crescer desde 2015 e a resistência antimicrobiana segue sendo um desafio de saúde pública. A cobertura vacinal infantil segue tendo problemas desde a pandemia: os níveis ainda não retornaram ao que eram antes do covid-19.
O documento ressalta que muitos países estão ficando para trás no enfrentamento de riscos básicos a saúde como desnutrição, poluição do are condições de vida insalubre. A OMS apoia a criação de um financiamento sustentável e previsível para proteger os avanços já conquistados e enfrentar ameaças, principalmente em países de baixa renda com pouco acesso à saúde de qualidade.
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