Logotipo Afya
Anúncio
Saúde30 outubro 2020

Novos órgãos humanos? Pesquisadores identificam duas novas glândulas salivares

Uma descoberta surpreendente pode ter sido realizada por acasos: a existência de duas novas glândulas, batizadas de glândulas tubárias.

Por Úrsula Neves

Uma descoberta surpreendente pode ter sido realizada, por acaso, por pesquisadores holandeses: a existência de duas novas glândulas no crânio humano, batizadas de glândulas tubárias. A descoberta foi relatada em um estudo publicado na revista Radiotherapy & Oncology, em setembro.

O órgão em questão é um quarto par de glândulas salivares, que fica na região atrás do nariz e acima do palato, na área central da cabeça. Ele foi encontrado acidentalmente pela equipe do oncologista do Instituto do Câncer da Holanda Wouter Vogel, durante a análise de tomografias cerebrais de alta resolução.

Depois de encontrar as glândulas em todos os cem novos exames incluídos no estudo, os cientistas investigaram a presença da misteriosa estrutura em dois cadáveres: um homem e uma mulher. E lá estavam as glândulas, em ambos os corpos.

“As pessoas têm três conjuntos de grandes glândulas salivares, mas não nesse lugar. Até onde sabemos, as únicas glândulas salivares ou mucosas na nasofaringe são microscopicamente pequenas e até mil delas estão uniformemente espalhadas por toda a mucosa. Por isso, imagine a nossa surpresa quando as encontramos”, disse admirado Wouter Vogel.

médico avaliando novas glândulas tubárias

Glândulas tubárias

Batizadas pelos pesquisadores de glândulas tubárias (ficam acima do tórus tubário), elas ainda não teriam sido identificadas por causa da localização, ficando mais escondidas do que as outras três glândulas salivares.

Conforme os autores da pesquisa, a descoberta só seria possível se os cientistas estivessem procurando especificamente por elas e utilizando tecnologias de imagem mais avançadas, como o exame de varredura PSMA PET/CT, que eles usaram e serve para detectar tumores em pacientes com câncer.

A descoberta do quarto par de glândulas salivares ainda precisa ser confirmada por novos estudos Mas, segundo a patologista Valery Fitzhugh, da Universidade de Rutgers Valery Fitzhugh, que não estava envolvida no projeto, os pesquisadores holandeses “estão no caminho certo” e a novidade pode mudar a forma como são vistas as doenças nesta região do crânio. A especialista concedeu uma entrevista sobre a descoberta no jornal The New York Times.

Como foi realizado o estudo

Todos os cem pacientes demonstraram uma área positiva de PSMA bilateral demarcada (comprimento médio de 4 cm). A histologia e a reconstrução 3D confirmaram a presença de glândulas que expressam PSMA, predominantemente mucosas com múltiplos dutos de drenagem, predominantemente próximo ao tórus tubário.

Em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, a dose média de RT para a área da glândula foi significativamente associada com xerostomia pós-tratamento e disfagia ≥ grau 2 em 12 meses (0,019/gy, IC 95% 0,005-0,033, p = 0, 007; 0,016/gy, IC 95% 0,001–0,031, p = 0,036). O acompanhamento em 24 meses teve resultados semelhantes.

Conclusão

O corpo humano contém um par de localizações macroscópicas de glândulas salivares previamente negligenciadas e clinicamente relevantes, para as quais os pesquisadores deram o nome de glândulas tubárias.

A preservação dessas glândulas em pacientes que recebem radioterapia pode ser uma oportunidade para melhorar sua qualidade de vida, segundo os autores do estudo.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo