Nova unidade fabril da Hemobrás vai atender 100% da demanda do SUS
Já está em operação mais uma unidade fabril da Hemobrás, no município de Goiana, Pernambuco. O evento de inauguração ocorreu no início do mês e contou com a presença do presidente da república, da ministra da Saúde, Nísia Trindade, da presidente da Hemobrás, Ana Paula do Rego Menezes, do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Carlos Gadelha.
Leia ainda: Governo Federal anuncia aporte de R$ 393 milhões em nova fábrica de imunoglobulina
A iniciativa promete melhorar o acesso e a qualidade do tratamento para os milhares de pacientes afetados pela hemofilia, já que passará a produzir o Fator VIII Recombinante (Hemo-8r), utilizado no tratamento dos portadores da condição do tipo A.
No Brasil
De acordo com a Federação Mundial de Hemofilia, o país registra a 4ª maior população de pacientes com a condição do mundo, cerca de 13 mil pessoas. A maioria dos afetados é do sexo masculino, e a forma mais comum da doença é a A. No Brasil, o tratamento das hemofilias é feito quase integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Com o processo de nacionalização do Hemo-8r, o país deixa de estar exposto aos eventuais desabastecimentos que ocorrem, seja por decisão da indústria farmacêutica Internacional pela interrupção do medicamento, por exemplo, ou por questões de burocracia que limite a comercialização do hemoderivado”, diz o Dr. Felipe Mesquita.
Atualmente, o Brasil importa 70% do que precisa, ao custo de R$ 1,5 bilhão por ano. A previsão é que a fábrica, em pleno funcionamento, atenda a 100% da demanda do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O maior impacto do funcionamento da Hemobrás a pleno vapor será na vida dos pacientes que sofrem com a Hemofilia A. O Fator VIII Recombinante não apenas é o medicamento, hoje, com melhores resultados em casos de crises agudas, como quando o paciente está em sangramento, como é usado nos casos graves de hemofilia A de forma profilática”, completa o hematologista e preceptor da residência médica de hematologia do HU-UFJF.
Tecnologia
A produção do Hemo-8r ocorre por engenharia genética, a partir da tecnologia do DNA recombinante feito com células geneticamente modificadas que contêm o gene humano responsável pela coagulação. A nova fábrica, que corresponde ao Bloco B07 dentro do Complexo da Hemobrás, tem uma capacidade produtiva de 1,2 bilhão de UIs (medida internacional usada na indústria farmacêutica) do Hemo-8r.
Ainda neste ano, terão início o processamento do produto, a rotulagem e embalagem local. O cronograma se encerra com a produção brasileira dos insumos, chamados de IFA, programada para dezembro de 2025. Todas as etapas serão previamente submetidas à análise da Anvisa.
Geração de empregos
Além dos hemofílicos e familiares, a região também será positivamente impactada pelo funcionamento da unidade. A previsão é que sejam criados 2 mil novos postos de trabalho, sendo 1,4 mil diretos e 600 indiretos.
O investimento, que totalizou R$ 1,2 bilhão, representa o maior aporte em biotecnologia na área da saúde no Nordeste brasileiro até o momento. Essa iniciativa faz parte da estratégia nacional para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, com recursos provenientes do Novo PAC.
Fomento à pesquisa
A construção da fábrica também impulsionará o desenvolvimento científico e tecnológico no país. O aumento da capacidade de produção local atrai investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas terapias e tecnologias relacionadas ao tratamento da Hemofilia A e outras doenças.
“Se tudo for bem conduzido, como espera-se que seja, é um acontecimento marcante para os pacientes de hemofilia A, para a comunidade médica e para o Brasil, que passa a ser autossuficiente na produção de remédios”, finaliza Dr. Felipe.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.