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Um grupo de pesquisadores, formado por americanos, dinamarqueses e suecos, desenvolveu uma forma do paciente com diabetes tipo 1 fazer o controle da sua doença sem dor: a cápsula de insulina. Os resultados da experiência, que ainda se restringem a testes com animais, foram publicados na Revista Science.
Como funciona insulina em cápsula?
Trata-se de uma cápsula que contém uma miniagulha junto a uma pequena dose de insulina. Esse processo não provoca dor ou qualquer desconforto, nem altera o apetite. “Estamos realmente esperançosos de que esse novo tipo de cápsula possa ajudar pacientes diabéticos e, quem sabe também, qualquer pessoa que precise de terapias que só podem ser administradas por injeção”, afirmou Robert Langer, professor do Instituto David H. Koch e membro do MIT.
A inspiração para a criação foi o casco da tartaruga-leopardo. Como o animal africano possui casco alto e íngreme, isso permite que ele se apoie e se reposicione ao “rolar de costas”. Os pesquisadores copiaram a capacidade de auto-orientação da tartaruga-leopardo para a pílula chegar até a parede do estômago. Dentro dela, uma agulha é presa a uma mola, que é protegida por um disco de açúcar.
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Quando a cápsula é engolida pelo paciente, a água dissolve a parte açucarada e libera a mola. A agulha, que tem uma ponta feita de insulina, atinge a parede do estômago. No início da pesquisa, os cientistas colocaram 300 μg de insulina. Gradualmente, eles conseguiram aumentar a dose para 5 mg, quantidade compatível com a necessidade de um paciente com diabetes tipo 1.
Tecnologia em fase de testes
Os testes foram realizados em roedores e suínos. Demora mais de uma semana para as cápsulas se moverem por todo o aparelho digestivo, mas o processo não causa danos aos tecidos dos animais. O processo foi considerado seguro. A cápsula é produzida com um material biodegradável e de componentes de aço inoxidável, totalmente eliminada nas fezes.
“A entrega oral de medicamentos é um grande desafio, especialmente para drogas proteicas. Há uma tremenda motivação em várias frentes para encontrar outras formas de distribuir as drogas sem usar agulha para aplicação”, disse Samis Mitragotri, professor de engenharia química da Universidade da Califórnia, um dos responsáveis pelo estudo.
Conclusão
A próxima etapa do estudo será verificar a segurança e a eficácia do método em seres humanos. “Será fantástico se os cientistas conseguirem reproduzir essa técnica em seres humanos, pois o grande problema dos pacientes diabéticos tipo 1 é o estigma de ter que usar a agulha uma ou várias vezes por dia para corrigir a glicemia. A carga emocional é muito grande, desde a infância. E a adesão dos pacientes seria muito maior, com certeza. Há muito tempo que os cientistas estão pesquisando como administrar a insulina sem ser por via injetável e tomara que agora dê certo!”, diz animada a médica Maria Fernanda Barca, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e membro da Sociedade Europeia de Endocrinologia (ESE).
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