No dia 9 de setembro foi comemorado o dia da prevenção da síndrome alcoólica fetal (SAF), que ainda preocupa muito as organizações e entidades de saúde em todo o mundo.
Isso acontece porque até hoje muitas mulheres não interrompem o uso do álcool durante a gestação, criando uma situação negativa inevitável para o seu bebê, como déficit de crescimento, alterações em características faciais e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as crianças atingidas podem ter problemas relativos à memória, fala, audição, aprendizagem – principalmente em matemática e na resolução de problemas – e dificuldades no relacionamento com outras pessoas.
“O principal risco para o feto é as alterações do sistema nervoso central, que vai desde alterações comportamentais mais leves até o retardo mental”, explica o pediatra Ariel Azambuja.
A SAF é o transtorno mais grave do espectro de desordens fetais alcoólicas (fetal alcohol spectrum disorders – FASD). O Ministério da Saúde estima que um a cada mil recém-nascidos apresente esta condição, entretanto os números reais podem ser bem maiores.
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“O álcool ingerido pela mãe atravessa a placenta e expõe o feto as mesmas concentrações de etanol que a mulher está exposta”, alerta a psicóloga Gizele Alves Martins, que também é mestre em Neurociências, atuante no CENSA Betim, entidade que atende portadores da síndrome alcoólica fetal.
SAF: acompanhamento multiprofissional
A condição da síndrome é irreversível, porém o acompanhamento de uma equipe multiprofissional pode minimizar as dificuldades enfrentadas no dia a dia.
Segundo o pediatra Ariel Azambuja, o acompanhamento multiprofissional após o nascimento vai desde o diagnóstico da síndrome, a identificação das áreas afetadas e as estimulações específicas.
“O acompanhamento psicológico é fundamental para reduzir os comportamentos disruptivos, como a hiperatividade e a irritabilidade. Além disto, indica-se acompanhamento psicopedagógico para o desenvolvimento de aspectos cognitivos e de aprendizado”, comenta Gizele Alves Martins.
Para a psicóloga, a alfabetização destas crianças, assim como o aprendizado de outras matérias, pode ficar comprometido. “A intervenção deve ser realizada o mais cedo possível para permitir que o indivíduo vá cada vez mais alcançando uma certa independência e qualidade de vida”, diz.
Prevalência de casos de SAF no Brasil e no mundo
Estimativas mundiais indicam que a prevalência média dos casos da síndrome alcoólica fetal se encontra entre 0,5 a 2 casos para mil nascidos vivos, superando índices de outros distúrbios do desenvolvimento como a síndrome de Down e a espinha bífida. Ainda, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 0,1% das mortes atribuídas ao álcool em 2012 dizem respeito a condições neonatais, incluindo a SAF.
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Nos Estados Unidos, estima-se que a cada ano 40 mil bebês nascem com SAF, tornando este distúrbio mais comum que novos diagnósticos de transtorno do espectro autista e uma das principais causas evitáveis de deficiência intelectual. Recentes estudos sugerem que casos de SAF podem chegar a aproximadamente 50 por mil entre os nascimentos no país.
No Brasil, anualmente 1.500 a 3 mil casos novos podem surgir se a prevalência de 0,5 a 2 por mil nascidos vivos for considerada.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-divulga-videos-de-alerta-contra-a-sindrome-alcoolica-fetal-saf/
- http://www.cisa.org.br/artigo/4763/sindrome-alcoolica-fetal.php#targetText=O%20que%20%C3%A9%20a%20S%C3%ADndrome,bebida%20alco%C3%B3lica%20durante%20a%20gesta%C3%A7%C3%A3o
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