Cientistas analisaram imagens cerebrais de mais de 2,5 mil pessoas com Parkinson, de 20 países, e identificaram padrões de neurodegeneração associados aos cinco estágios clínicos da doença.
A pesquisa foi conduzida pelo Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN), da Unicamp, que integra o Consórcio Enigma, rede internacional que reúne cientistas em genômica de imagem, neurologia e psiquiatria.
Publicado na NPJ Parkinson’s Disease, o estudo representa um avanço significativo ao estabelecer métricas que permitem monitorar a progressão do Parkinson e avaliar futuros tratamentos. O documento constatou alterações progressivas em áreas do cérebro além dos núcleos de base — estruturas tradicionalmente associadas ao movimento.
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De acordo com o pesquisador Fernando Cendes, foram observadas atrofia e hipertrofia não só nas regiões ligadas ao movimento, mas também em áreas corticais, conforme o avanço dos estágios. Essas mudanças, imperceptíveis a olho nu, foram identificadas com o auxílio de programas e inteligência artificial.
Novos horizontes para diagnóstico e tratamento do Parkinson
As métricas identificadas oferecem suporte ao diagnóstico clínico e abrem caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos. Hoje, a doença é tratada apenas com reposição de dopamina, mas a progressão atinge áreas do cérebro responsáveis por sintomas não motores, como depressão, distúrbios do sono e demência.
Os resultados também possibilitam monitorar terapias que possam barrar ou retardar o avanço da neurodegeneração. Cendes reitera que essas métricas são essenciais para avaliar a eficácia global de futuras terapias.
Além dos impactos médicos, o estudo representa um avanço na ciência de dados, ao integrar informações de diferentes países, estágios da doença e tipos de análise com uso de inteligência artificial.
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