Autoridades de saúde do Congo confirmaram que um sobrevivente de ebola manifestou a doença pela segunda vez no leste do país, mas ainda há dúvidas se o caso é uma recaída ou uma reinfecção.
A epidemia de ebola na República Democrática do Congo infectou mais de 3,3 mil indivíduos e causou mais de 2,2 mil óbitos desde meados de 2018, sendo a segundo pior da qual se tem registro.
Especialistas de saúde afirmam que trabalham com a hipótese de que sobreviventes do ebola possam adquirir imunidade à doença. Não houve casos documentados de reinfecção, mas alguns pesquisadores não descartam essa possibilidade.
Representantes da Organização Mundial de Saúde e do Instituto Nacional do Congo de Pesquisas Biomédicas (INRB) afirmaram que os testes estão sendo conduzidos para saber o que aconteceu com exatidão.
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Ebola
Uma sobrevivente que trabalhava em um centro de tratamento de ebola adoeceu novamente com o vírus e morreu em julho deste ano, mas ainda não foi determinado se ela recaída, foi reinfectada ou teve um falso positivo na primeira vez em que esteve doente.
O progresso na contenção da doença foi prejudicado recentemente por uma onda de violência que forçou os grupos de ajuda a suspender as operações e retirar funcionários de saúde.
Os Médicos Sem Fronteiras afirmaram ter retirado a sua equipe da região de Biakoto, na província de Ituri, após dois novos ataques em seus centros de saúde por grupos de pessoas armadas com paus e facões.
Os combatentes das milícias Mai Mai e os moradores locais atacaram as unidades de saúde em diversas ocasiões desde o início do surto por não acreditarem que o ebola existe. Em outros casos, por ressentimento por não terem se beneficiado do influxo de financiamento de doadores.
Sobre a doença
Embora pouco se saiba sobre como o vírus causa doenças, trata-se de uma infecção sistêmica. Ao contrário de uma gripe ou hepatite sazonal, que tendem a permanecer em partes específicas do corpo, o ebola tem a capacidade de se espalhar e infectar muitos órgãos e tecidos diferentes.
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Provavelmente, isso se deve à estreita associação do vírus com o sistema circulatório: se as células do fígado estão infectadas, elas podem bombear novos vírus para a corrente sanguínea. E, se as células imunológicas em movimento estiverem infectadas, elas podem chegar a todos os órgãos, permitindo que o vírus se infiltre em quase todos os cantos do corpo.
As pessoas morrem de ebola quando os seus organismos não conseguem controlar a sua propagação, acarretando na perda de líquidos e na falência de múltiplos órgãos. As taxas de mortalidade variaram de 25% a 90% em surtos passados.
No entanto, muitas pessoas conseguem se recuperar. Os especialistas acreditam que isso acontece quando o sistema imunológico entra em ação para eliminar quaisquer vestígios do vírus no organismo produzindo anticorpos antivirais que se ligam ao vírus e o impedem de entrar nas células, como as T citotóxicas antiebola, que percorrem o corpo destruindo as células infectadas.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências bibliográficas:
- https://www.reuters.com/article/us-congo-ebola/congo-authorities-say-ebola-survivor-falls-ill-a-second-time-idUSKBN1YC0CX
- https://www.iflscience.com/health-and-medicine/how-can-cured-ebola-patients-fall-sick-again-months-after-recovery/
- https://www.who.int/emergencies/diseases/ebola/frequently-asked-questions
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