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Saúde10 junho 2020

Covid-19: Oxímetro desenvolvido no Brasil monitora remotamente oxigenação de pacientes

Um oxímetro desenvolvido por brasileiros para monitorar a apneia do sono está ajudando a acompanhar remotamente pacientes com sintomas leves de Covid-19.

Por Úrsula Neves

Um oxímetro desenvolvido por brasileiros para monitorar a apneia do sono está ajudando a acompanhar remotamente pacientes com sintomas leves de Covid-19.

Criado pelos pesquisadores da Biologix, startup de São Paulo, o dispositivo capta os dados de oxigenação do paciente e, com a ajuda de um aplicativo de smartphone, monitora esses dados e os envia para um banco de dados. De lá, uma equipe médica acessa as informações.

Desta forma, os médicos podem acompanhar a evolução dos sintomas com segurança através de uma plataforma online, com parâmetros fisiológicos apresentados em tempo real, como saturação de oxigênio (SpO2), frequência cardíaca (FC) e outros sintomas inseridos pelo paciente, como febre, tosse, falta de ar, entre outros.

imagem digital do coronavírus causador da covid-19

Oxímetro para Covid-19

O objetivo original do dispositivo era atender a pacientes com apneia do sono, para que não precisassem passar a noite em um laboratório sendo monitorados para receber o diagnóstico. Com a pandemia do novo coronavírus, os desenvolvedores fizeram adaptações no sistema para que pacientes com sintomas leves de Covid-19 possam utilizar o oxímetro.

O aparelho já está sendo testado no Hospital de Campanha do Pacaembu, na capital paulista, com a possibilidade de expandir a iniciativa para outros hospitais públicos.

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“O dispositivo pode ser utilizado para monitorar pacientes de Covid-19 com sintomas mais leves e deixar os leitos de UTI livres para pacientes severos”, explicou Tácito Mistrorigo de Almeida, presidente da Biologix, em entrevista para a Agência Fapesp.

A principal intenção da equipe da empresa responsável é multiplicar o uso do equipamento em hospitais. Depois, ele será vendido diretamente ao consumidor, em farmácias. Com isso, em um segundo momento, seria possível monitorar os pacientes diretamente de casa.

Vantagens do monitoramento da oxigenação

Um aspecto interessante é que hipóxia, causada pela Covid, é assintomática. Com o paciente tendo o problema, mas sem senti-lo. Daí a importância da utilização do oxímetro.

“O sangue venoso passa pelos pulmões e não oxigena. Aí começa a hipóxia. Só que a hipóxia não dá falta de ar. Quando o paciente é internado, é internado pela insuficiência respiratória, para receber oxigênio”, esclareceu o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho, diretor da Biologix e professor associado da Universidade de São Paulo (USP), que dirige o Laboratório do Sono do Instituto do Coração, em São Paulo, em entrevista para a Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O especialista ressaltou que o equipamento desenvolvido pela empresa tem dois destaques: permite o monitoramento remoto e oferece estabilidade nas medições, uma vez que é associado a um dispositivo que faz com que as medidas não oscilem com os movimentos do paciente, como em oxímetros tradicionais.

Outra vantagem é que o uso do smartphone faz com que o paciente seja avisado das medições a cada quatro horas. A equipe da Biologix planeja testar o uso do equipamento em casa com moradores de Paraisópolis, em São Paulo.

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Além de medir a oxigenação dos pacientes, o oxímetro permite manter um registro das medidas anteriores para acompanhar uma melhora ou piora no quadro de saúde dos usuários.

O dispositivo é um sensor portátil, sem fio, colocado no dedo indicador do paciente, que indica a saturação de oxigênio e a frequência cardíaca da pessoa. Caso haja uma queda no fornecimento de oxigênio, a equipe médica entra em contato com o paciente ou com quem estiver cuidando dele presencialmente.

“A equipe de monitoramento pode enviar pacientes a um hospital no momento certo, diminuindo o risco de contágio na interação com os demais indivíduos e, acima de tudo, protegendo os profissionais de saúde”, explicou Tácito Almeida.

“Diversos dispositivos já estão disponíveis para monitorar pacientes com suspeita de Covid-19 ou sintomas leves, mas eles são baseados nas respostas subjetivas dos pacientes. Não monitoram sinais clínicos como o nosso sistema”, ressaltou o presidente da Biologix.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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