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Reumatologia18 agosto 2017

Rituximabe é eficaz na doença pulmonar reumatoide?

Um estudo avaliou o efeito do rituximabe em pacientes com doença pulmonar intersticial relacionada à AR. Além disso, fatores associados ao resultado após o tratamento foram identificados.

Por Juliana Festa

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A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória e crônica, que afeta as articulações do corpo revestida pela membrana sinovial. Seus sintomas incluem articulações com aumento de temperatura, rubor, aumento de volume, maior sensibilidade e dor, com limitações aos movimentos.

Embora as manifestações articulares sejam as mais características, a AR também pode manifestar-se em sítios extra-articulares (olhos, pele, vasos sanguíneos, coração, pulmão e sistemas renal, nervoso e gastrointestinal).

A doença pulmonar intersticial é um grupo de doenças respiratórias caracterizadas pela progressiva cicatrização do interstício pulmonar resultando em insuficiência respiratória. É uma manifestação extra-articular comum da AR que é relatada em até 30% dos pacientes. Essa manifestação é a segunda causa de mortalidade na AR.

Recentemente, um estudo observacional britânico avaliou o efeito do rituximabe (RTX) em pacientes com doença pulmonar intersticial relacionada à AR. Além disso, fatores associados ao resultado após o tratamento foram identificados.

O estudo foi conduzido em uma coorte de pacientes adultos com AR moderada a grave tratados com RTX em um único centro por > 10 anos. Todos os pacientes receberam um primeiro ciclo de terapia que consistiu de 100 mg de metilprednisolona e 1.000 mg de RTX administrados por via intravenosa nos dias 1 e 14. Outros ciclos, que consistem no mesmo regime, foram repetidos até a recaída clínica.

Veja também: ‘SUS passa a oferecer novo medicamento oral para artrite reumatoide’

A progressão foi definida como: diminuição da capacidade vital forçada (CVF) pré-RTX > 10% ou capacidade de difusão de monóxido de carbono (DLCO) > 15% do previsto, piora do escore da doença pulmonar intersticial ou morte por doença pulmonar progressiva.

Dos 700 pacientes com AR tratados com RTX, 56 tiveram doença pulmonar intersticial (prevalência=8%), sendo 36 do sexo feminino. Após o tratamento com RTX, nova doença pulmonar intersticial foi diagnosticada em três pacientes (incidência=0,4%).

Os dados para avaliação pulmonar estavam disponíveis para 44 dos 56 pacientes. A mediana de variação da CVF pré e pós-RTX foi de -2,4% e +1,2% (p=0,025) e para DLCO foi de -4,4% e -1,3% (p=0,045).

Após o tratamento com RTX, 23 (52%) pacientes permaneceram estáveis e 7 (16%) melhoraram. Dos 14 (32%) pacientes com doença pulmonar intersticial que progrediram, nove (16%) evoluíram ao óbito devido à progressão da doença pulmonar intersticial.

Os pacientes cuja função pulmonar deteriorou pós-RTX tiveram um histórico prévio de progressão de doença pulmonar intersticial, padrão radiológico de pneumonia intersticial usual e menor DLCO pré-RTX em comparação com aqueles que se mantiveram estáveis ou que apresentaram melhora.

Observou-se, portanto, que a maioria dos pacientes com doença pulmonar intersticial pré-RTX permaneceu estável/melhorou após o tratamento durante um período prolongado. Os pacientes que apresentaram piora ou morreram tiveram doença pulmonar intersticial mais grave pré-RTX, sugerindo que o medicamento não foi um contribuinte. Dessa forma, o uso de RTX parece ser um escolha terapêutica aceitável para pacientes com doença pulmonar intersticial.

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Referências:

  • Md Yusof MY, Kabia A, Darby M, Lettieri G, Beirne P, Vital EM, et al. Effect of rituximab on the progression of rheumatoid arthritis–related interstitial lung disease: 10 years’ experience at a single centre. Rheumatology (Oxford). 2017 Apr 24. doi: 10.1093/rheumatology/kex072. [Epub ahead of print]

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