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Radiologia5 abril 2020

Quais os principais achados tomográficos do novo coronavírus?

Diante da infecção pelo SARS-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19, surgem muitas dúvidas e dilemas no cotidiano do radiologista.

Por Elazir Mota

Diante da infecção pelo SARS-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19, surgem muitas dúvidas e dilemas no cotidiano do radiologista, como: todos os pacientes com síndrome gripal/suspeita de Covid-19 devem realizar algum exame de imagem? Qual o melhor método de imagem? Os exames de imagem são diagnósticos? Vamos durante o texto abordar os principais achados radiológicos e responder as dúvidas que afligem médicos e pacientes, de um modo geral.

paciente com coronavírus entrando na máquina de tomografia

Tomografia computadorizada no coronavírus

Segundo as diretrizes do Colégio Americano de Radiologia (ACR) a tomografia computadorizada (TC) do tórax não é exame de screening para a Covid-19 e deve ser realizada em situações específicas, como pacientes com evolução mais grave e hospitalizados. Isso porque os achados tomográficos podem ser similares a várias outras condições como influenza, H1N1 e SARS.

Quanto aos achados tomográficos e sua distribuição as lesões comumente são bilaterais, predominando nos lobos inferiores, segmentos posteriores e na periferia dos pulmões. Um estudo recente publicado na Radiographics (Radiology 2020; 295:210–217) analisou 51 pacientes e mostrou que 44 dos 51 pacientes (86%) apresentaram lesões em ambos os pulmões e em 32 dos 51 pacientes (63%), as lesões envolveram quatro dos cinco lobos pulmonares.

Leia também: Como identificar coronavírus na ultrassonografia pulmonar?

Além disso em 90% dos pacientes as lesões predominaram nos lobos inferiores, em 89% nos segmentos posteriores e 91% dos pacientes as lesões ocorreram na periferia dos pulmões.

Os principais achados tomográficos são em ordem decrescente: opacidades em vidro fosco, opacidades em vidro fosco associado a espessamento dos septos interlobulares, caracterizando o padrão de pavimentação em mosaico (“crazy paving”) e opacidades em vidro fosco associado a consolidações. Outros achados como sinal do halo e sinal do halo invertido foram descritos em alguns pacientes e devem ser considerados dentro do contexto clínico adequado.

Podemos ainda caracterizar os achados quanto a sua fase de evolução: precoce (0 a 2 dias), intermediaria (3 a 5 dias) e tardia (6 a 12 dias). Outro estudo relaciona achados pulmonares e duração do período de infecção (Radiology. 2020 Feb 20:200463.). Eles observaram que 56% dos pacientes na fase precoce da doença apresentavam TC de tórax normal. Com o passar dos dias, tornaram-se mais frequentes achados como consolidações, pavimentação em mosaico e sinal do halo. A bilateralidade das lesões ocorreu em 28% dos pacientes na fase precoce, 76% na fase intermediária e em 88% dos pacientes na fase tardia.

Conclusões

Achados como derrame pleural, derrame pericárdico e linfonodomegalias são raros durante avaliação tomográfica.
Diante disso, percebemos que é necessário que os radiologistas estejam familiarizados com os principais achados tomográficos para serem capazes de identificar achados consistentes com Covid-19 e deste modo, auxiliar no manejo diagnóstico e terapêutico dos pacientes.

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Referências bibliográficas:

  • Guan W, Ni Z, Hu Y, et al Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 in China. N Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa2002032.
  • American College of Radiology – COVID-19 Radiology-Specific Resources.
  • Song F, Shi N, Shan F, Zhang Z, Shen J, Lu H, Ling Y, Jiang Y, Shi Y. Emerging 2019 Novel Coronavirus (2019-nCoV) Pneumonia. Radiology. 2020 Apr;295(1):210-217.

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