Esta semana, falamos no Portal PEBMED sobre como escolher o melhor antidepressivo. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, vamos falar sobre uma etapa um pouco mais a frente: o momento da descontinuação do medicamento. Veja a apresentação clínica da síndrome de descontinuação de antidepressivos.
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Apresentação Clínica
Anamnese
Quadro clínico: A síndrome de descontinuação de antidepressivos é o conjunto de sintomas que surgem após a redução rápida ou interrupção abrupta da dose de um antidepressivo tomado há pelo menos um mês.
As primeiras queixas podem começar poucos dias (um a quatro) após a alteração da tomada, mas podem se iniciar posteriormente, conforme as características de cada fármaco.
Sintomas:
- Mais comuns:
- Fadiga;
- Tonteira;
- Náusea;
- Cefaleia;
- Menos comuns:
- Ansiedade;
- Agitação;
- Diaforese;
- Disforia;
- Calafrios;
- Zumbido;
- Insônia;
- Irritabilidade;
- Parestesia;
- Mialgia;
- Tremores;
- Rinorreia;
- Incomuns:
- Ataxia;
- Sensação de choque;
- Hipertensão;
- Alucinações auditivas e visuais;
- Outros:
- Flashes de luz ou sensibilidade aumentada a mesma;
- Maior sensibilidade aos ruídos.
Gravidade: Pode estar relacionada à maior frequência de comportamento suicida após a descontinuação.
Há casos em que o quadro pode ser leve e durar até uma ou duas semanas se não for especificamente tratado.
Contudo, alguns sintomas podem ser angustiantes e mais graves, além de demorarem mais tempo para cessarem (com as referências variando entre um e 12 meses), por vezes causando certos comprometimentos na vida diária.
Eventualmente, alguns pacientes podem ser hospitalizados.
Os pacientes eutímicos que interrompem o tratamento rapidamente também estão sob maior risco de apresentar recorrência de sintomas depressivos, juntamente com os sintomas da síndrome de descontinuação. Os sintomas podem também se sobrepor.
Caso a avaliação não seja precisa e ocorra confusão com os sintomas como recorrência, os pacientes podem ter que fazer uso de antidepressivos por um período de tempo mais prolongado do que o indicado.
Uma forma de diferenciar é observar quando os sintomas se iniciam (na síndrome de retirada, os sintomas aparecem em poucos dias, diferente da recaída, que pode demorar semanas para ocorrer), cessam (em até uma ou duas semanas após a interrupção), desaparecem rapidamente ao retomar a medicação (consistente com descontinuação) ou na presença de sintomas somáticos ou psicológicos distintos da queixa original. Também pode haver confusão com outras queixas clínicas.
Há melhora do quadro com a reintrodução do mesmo fármaco ou de outro com mecanismo semelhante.
Classes de medicações relacionadas:
- Inibidores da recaptação de serotonina (ISRS);
- Antidepressivos tricíclicos (ATC);
- Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs).
Fatores influenciadores:
- Antidepressivos com curta meia-vida de eliminação (< 24 horas) – maior risco;
- Maior duração do tratamento em doses terapêuticas (≥ 5 a 8 semanas);
- Uso de doses mais altas;
- Tempo de duração da descontinuação;
- Presença de sintomas ansiosos no início do tratamento medicamentoso;
- História prévia de sintomas de descontinuação;
- Antidepressivos com farmacocinética não linear.
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