Trial: Mindfulness melhora qualidade de vida de pacientes com câncer avançado?
Com o avanço da doença oncológica, há aumento do sofrimento e angústia do paciente e seus cuidadores e familiares, o que pode causar importante impacto na qualidade de vida.
Uma das consequências desse sofrimento é assumir uma postura de negação da doença, o que impede o planejamento antecipado dos cuidados e definições médicas.
Nesse contexto, nos últimos anos vem sendo estudada uma abordagem não farmacológica conhecida como mindfulness, ou método da atenção plena, que prega a aceitação compassiva do momento presente.
Objetivos do estudo
Esse estudo buscou avaliar intervenção baseada em mindfulness com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e cuidadores e apoiar o planejamento avançado de cuidados.
Os objetivos secundários visavam reduzir sintomas depressivos no paciente e cuidador, melhorar distúrbios do sono e ansiedade, assim como promover a aceitação pacífica do câncer.
Os pacientes e seus acompanhante foram randomizados para receber seis sessões semanais no grupo experimental com duração de duas horas versus cuidados habituais.
Métodos
Foram elegíveis pacientes maiores de 18 anos, com diagnóstico de doença oncológica sólida avançada e com expectativa abaixo de 12 meses de vida.
Os resultados foram reportados no início do estudo, após a intervenção de forma imediata e após um mês.
Quanto à prática de mindfulness foram oferecidas adaptações de acordo com as limitações apresentadas pelos participantes. No caso de presença de dispneia, a atenção passava a ser focada em outras sensações. Naqueles com pouca mobilidade e dificuldade em se manter de pé, foram oferecidas cadeiras adaptadas para ioga.
Foram inicialmente abordados 315 participantes, sendo efetivamente randomizados 55 pacientes com seus cuidadores, com aproximadamente 83,6% completando um mês de acompanhamento e 70% participando de, pelo menos, cinco sessões semanais.
Resultados
Os resultados foram avaliados através de vários questionários, entre eles destacando-se os de qualidade de vida, ansiedade, depressão e grau de aceitação da doença.
No que diz respeito ao desfecho primário, os dados não mostraram efeitos na qualidade de vida, mas evidenciaram maior sensação de bem-estar existencial do paciente no grupo de intervenção.
Quanto ao desfecho secundário de planejamento antecipado de cuidados, foi evidenciado também nesse grupo pequenas melhorias, com os pacientes relatando postura aberta e aceitação de momentos e pensamentos difíceis, mas sem impacto significativo nos níveis de ansiedade de depressão.
Conclusão e mensagem prática
Os resultados preliminares desse estudo não tão convencional no universo da oncologia sugeriram que a abordagem em atenção plena pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e acompanhantes, assim como o planejamento antecipado de cuidados e resultados psicológicos, sendo necessários novos pesquisas para melhor esclarecimento dos mecanismos dessa intervenção.
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