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Pneumologia5 fevereiro 2019

Saiba o que é Síndrome da Hipoventilação Alveolar da Obesidade

Estima-se em 0,3% dos brasileiros sejam acometidos pela Síndrome da Hipoventilação Alveolar da Obesidade, apesar de não se comparar com a apneia do sono. Saiba mais:

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A Síndrome da Hipoventilação Alveolar da Obesidade (SHAO) é um distúrbio respiratório caracterizado pelo binômio obesidade (IMC>30 kg/m²) + hipercapnia (PaCO2>45 mmHg), na ausência de outros transtornos como causa principal. Devemos excluir transtornos metabólicos (hipotiroidismo), pneumopatia (doença pulmonar obstrutiva crônica), doenças da caixa torácica (cifoescoliose grave, miopatia) e da condução nervosa.

A SHAO foi inicialmente chamada de Sd de Pickwick, fazendo alusão aos contos do escritor inglês Charles Dickens, onde o personagem Fat Joe era obeso, sonolento e cianótico. Apesar da prevalência na população geral ser desconhecida, estima-se em 0,3%, títulos bem menores do que a de apneia obstrutiva do sono no Brasil, em 32,8%. SHAO é atualmente a síndrome de hipoventilação relacionada ao sono mais comum.

A fisiopatologia tem sua base na hipercapnia, provocada pela restrição ventilatória do paciente obeso. A musculatura respiratória é incapaz de manter a ventilação alveolar adequadamente, o que resulta na eliminação de gás carbônico e promoção de acidose respiratória e distúrbio da relação espaço morto/volume corrente.

Esse quadro se agrava durante o sono em decorrência do relaxamento da musculatura e da regulação da resposta ao CO2 e O2, principalmente durante o sono REM. Essa mecânica ventilatória se mostra ainda mais comprometida em doenças neuromusculares e obstrutivas pulmonares. O hormônio leptina também está envolvido ao exercer efeito no trabalho e mecânica ventilatória.

Leia mais: Apneia Central do Sono: saiba como tratar o distúrbio

Inicial e cronicamente, o sistema de tampão equilibra o pH por meio da retenção de bicarbonato sérico, observado à gasometria arterial e venosa. Inclusive a gasometria venosa pode auxiliar no diagnóstico, cujo valor maior do que 27 mmol/L reflete retenção de bicarbonato e, indiretamente, hipercapnia.

O sistema de compensação acima entra em desequilíbrio após quadros infecciosos ou de stress metabólico. Portanto, o quadro típico do paciente com SHAO pode ser dividido em crônico e agudo. Os sintomas crônicos são mais intensos e se confundem com aqueles relacionados à apneia obstrutiva do sono, como sonolência excessiva diurna ou hipersonia, má qualidade do sono, cefaleia matinal, cianose e cor pulmonale. Sintomas agudos estão presentes frequentemente à porta da unidade de emergência, como rebaixamento do nível de consciência e importante dessaturação da oxi-hemoglobina.

A presença de obesidade é imperiosa ao diagnóstico, que se segue com a prova de função pulmonar, radiografia do tórax e medida dos gases arteriais. A oximetria de pulso, apesar de não mensurar os níveis de gás carbônico, deve ser realizada. Frente à dessaturação, podemos realizar a manobra de hiperventilação voluntária: ainda com oximetria de pulso, solicita-se ao paciente que inspire e expire profundamente diversas vezes, o objetivo é buscar o incremento do volume corrente e da oxigenação, observados por meio do aumento no valor da oximetria. O estudo do sono por polissonografia ou oximetria noturna concluem o diagnóstico.

Considerando que o base da SHAO é a hipoventilação, o tratamento visa incrementar a ventilação alveolar, diretamente por meio de ventilação não invasiva, ou indiretamente, removendo a obstrução da via aérea com CPAP.

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Referências:

  • Piper AJ, et al. (2011). Obesity hypoventilation syndrome: mechanism and management.
    Am J Respir Crit Care Med; 183: 292–298.
  • Bannerjee D, et al. (2007). Obesity hypoventilation syndrome: hypoxemia during CPAP. Chest; 131: 1678–1684.
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