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Pneumologia15 março 2017

Pneumonia deve ser tratada por menos tempo do que você imagina

O tratamento da pneumonia é amplamente estudado, e definições sobre melhores escolhas antibióticas são assuntos recorrentes quando entramos neste tema.

Por Bruno Lagoeiro

A pneumonia é um dos tipos de infecção que mais desencadeia internações em ambientes hospitalares. Seu tratamento é amplamente estudado, e definições sobre melhores escolhas antibióticas e outras terapêuticas são assuntos recorrentes quando entramos neste tema.

Um dos temas mais discutidos sobre terapêutica em pneumonia é o tempo de tratamento antibiótico. Apesar dos esforços da Infectious Diseases Society of America (IDSA) em recomendar, através da sua nova diretriz, a terapia de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) por 5 dias e pneumonia de tratamento hospitalar (PTH) em 8 dias, nos casos não complicados, grande parte dos pacientes continuam recebendo tratamento além do necessário.

Em um estudo publicado no Journal of Hospital Medicine, publicado em dezembro de 2016, foram selecionados 1.739 pacientes, de 30 hospitais, com diagnostico de pneumonia não complicada com hospitalização. A utilização de antibiótico por até 3 dias, além do recomendado pela diretriz, foi considerado concordante. Pneumonia complicada, adquirida no hospital e pneumonias que possuíam culturas sensíveis discordantes da terapia empírica foram excluídas.

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Apenas 7% dos casos de PAC e 29% dos casos de PTH tiveram terapia de acordo com proposto pela diretriz. Os pacientes com terapia concordante ou excessiva tiveram os desfechos similares para mortalidade, ou readmissão hospitalar, e infecção por Clostridium difficile. Oitenta e três porcento dos casos de prescrição excessiva foram feitos no momento da alta hospitalar.

O estudo aponta que ainda existe um grande distanciamento entre o que é escrito na diretriz e aplicado na rotina profissional. Antigas práticas podem gerar resistência a novas evidências, o que pode ser perigoso para o médico e paciente e custoso ao sistema de saúde. Isto pode estar associada a uma resistência natural imposta pela experiência do médico, bem como pela incômoda medicina defensiva, que atua com um dos maiores vilões do sistema de saúde.

Nesta análise, percebemos que mesmo diante de uma flexibilidade em número de dias, 3 além do esperado pela diretriz, os médicos acabam optando pelo comportamento rotineiro.

A maior parte dos excessos foram realizados no momento da alta, quando o paciente já se encontrava estabilizado e a caminho de casa com terapia oral adicional. A transição para alta é o principal momento que devemos atuar para ajustar a nova proposta da diretriz, reduzindo a prescrição desnecessária, impactando custos, melhorando o tempo de tratamento e deixando mais confortável para o paciente, e lançando mão do que as nova evidências apontam como o correto.

Referências:

  • Madaras-Kelly KJ et al. Total duration of antimicrobial therapy in veterans hospitalized with uncomplicated pneumonia: Results of a national medication utilization evaluation. J Hosp Med 2016 Dec; 11:832. (https://dx.doi.org/10.1002/jhm.2648)
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