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Pneumologia23 março 2022

Papel da função pulmonar no paciente com ICFER

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) é uma síndrome clínica que leva ao declínio progressivo da qualidade de vida.

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) é uma síndrome clínica que leva ao declínio progressivo da qualidade de vida. Estudos prévios demonstram uma interação com o sistema respiratório, levando também a prejuízos da função pulmonar e redução de sobrevida. Além disso, a pressão de enchimento do ventrículo esquerdo (VE) elevada não só leva a anormalidades ventilatórias, mas também a transmissão da pressão retrógrada pode causar hipertensão pulmonar (HP).

A prevalência de HP nessa população pode chegar a 70%, conferindo uma mortalidade duas vezes maior que a disfunção ventricular isolada. O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre anormalidades ventilatórias e HP em pacientes com ICFER, bem como seus impactos prognósticos.

Papel da função pulmonar no paciente com ICFER

Métodos

Foram recrutados pacientes de um único centro entre 2005 e 2012, todos com pelo menos um ecocardiograma e uma prova de função pulmonar. Indivíduos com insuficiência cardíaca (IC) estável e uma fração de ejeção do VE ≤ 40% foram elegíveis para o estudo. O estudo ecocardiográfico transtorácico foi realizado de acordo com as recomendações da Sociedade Americana de Ecocardiografia, e pacientes com PSAP acima de 50 mmHg foram considerados suspeitos para presença de HP. Os parâmetros espirométricos foram medidos em todos os pacientes ambulatoriais sem qualquer desconforto respiratório. Os valores previstos foram calculados usando equações de predição espirométrica validadas. Todos os participantes do estudo foram acompanhados por até 5 anos e o desfecho primário foi mortalidade por todas as causas nesse período.

Leia também: Tratamento da insuficiência cardíaca: alguma combinação medicamentosa é superior?

Resultados

Um total de 440 pacientes (idade, 66,2±15,8 anos; 77% homens) foram incluídos na análise. Entre eles, 282 (64,1%) pacientes tinham PSAP ≤50 mmHg, enquanto 158 (35,9%) pacientes apresentavam HP. Os pacientes com HP apresentaram classes funcionais mais elevadas. Comparando com aqueles sem HP, os pacientes com HP tinham átrio esquerdo significativamente aumentado, aumento da relação E/A do influxo mitral e aumento da relação E/E’. Embora a função ventilatória normal tenha sido mais encontrada em pacientes sem HP (26,2% versus 12% na HP), a anormalidade ventilatória restritiva foi mais prevalente em pacientes com HP (60,8% versus 50,4% em não HP). Durante o acompanhamento de 25,9 meses, houve um total de 111 (25,2%) óbitos. A análise da curva de sobrevivência Kaplan-Meier demonstrou claramente que pacientes com HP (53 óbitos [33,5%]) foram associados com maiores riscos de mortalidade do que aqueles sem (58 óbitos [20,6%]). Nos indivíduos com PSAP ≤ 50 mmHg, os valores de CVF, CPT e VEF1 foram todos significativamente correlacionados com a sobrevida a longo prazo na análise.

A função pulmonar forneceu informações prognósticas para sobrevida a longo prazo em pacientes sem HP, mas não em pacientes com HP, independentemente de sua capacidade funcional. O estudo sugeriu que as variáveis espirométricas poderiam ser marcadores sensíveis para refletir a interação cardiopulmonar na IC; no entanto, as informações prognósticas significativas só poderiam ser limitadas para pacientes sem HP. Alguns fatores limitantes do estudo foram a realização em centro único, a estimativa da pressão da artéria pulmonar pelo ecocardiograma e a presença de DPOC em vários pacientes com IC, na amostra chegando a quase 30%.

Saiba mais: O que 2021 trouxe em atualização para pacientes com insuficiência cardíaca

Mensagens práticas:

  • Pacientes com insuficiência cardíaca frequentemente possuem doença pulmonar associada, como o DPOC e a hipertensão pulmonar;
  • Valores de função pulmonar reduzidos, como CPT abaixo de 70% e CVF abaixo de 65% foram associados a pior sobrevida;
  • É mandatório a realização de tomografia de tórax e espirometria em pacientes com ICFER e história e clínica compatível com doenças respiratórias.

 

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Referências bibliográficas

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