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Pneumologia22 janeiro 2019

Hipersecreção no paciente com DPOC: como fazer o manejo farmacológico?

Os pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica geralmente enfrentam uma condição de difícil manejo clínico: a hipersecreção de muco.

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Os pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica geralmente enfrentam uma condição de difícil manejo clínico: a hipersecreção de muco. Resultado da combinação de muco proveniente do trato respiratório inferior e superior, a hipersecreção pode obstruir lúmen da via aérea, limitar fluxo de ar e acelerar o declínio da função pulmonar.

Tais motivos motivam a análise da melhor forma de tratamento para o paciente, a depender das interações medicamentosas e disponibilidade farmacológica.

Veja a seguir os medicamentos utilizados no controle da hipersecreção:

  1. Expectorantes: salina hipertônica ajuda a limpar o escarro, deve ser usada de acordo com a indicação clínica. Melhora o fluxo aéreo e função pulmonar em pacientes com fibrose cística, porém pode piorar dispneia em pacientes com DPOC.
  2. Mucorreguladores: Carbocisteína: atua na produção e modulação do muco; efeito antioxidante e anti-inflamatório. Recomendada em pacientes com DPOC: reduz frequência de exacerbações, reduz tosse e é usada na fase aguda descompensada da doença.
  3. Macrolídeos: azitromicina; eritromicina: não é considerado um expectorante clássico, porém pode ser recomendado para obtenção de efeito antibiótico e de depuração de escarro em pacientes com DPOC que necessitam de antimicrobiano.
  4. Mucolítico: n-acetilcisteina reduz viscosidade e promove descarga do muco. Melhora função pulmonar e retarda exacerbações. A Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD) indica acetilcisteina para prevenir exacerbações. Outros mucolíticos: erdosteína e fudosteína.
  5. Mucocinéticos: a ambroxol estimula produção de surfactante, regula secreção de fluido seroso e mucoso, melhora o cleareance do muco, reduz adesão ciliar do catarro e facilita a expectoração.
  6. Broncodilatadores: reduzem secreção muco e dilatam os brônquios. Tiotrópio pode suprimir a metaplasia de células caliciformes produtora de muco. A associação de formoterol com tiotrópio pode auxiliar o processo de cleareance de muco, dilatação brônquica, aliviar estenose via aérea, entre outros benefícios clínicos.

Vale ressaltar sempre que o manejo não farmacológico da hipersecreção é fundamental para sucesso do tratamento. A terapia de cessação do tabagismo deve ser encorajada, junto com o apoio do tratamento fisioterápico. Terapias inalatórias para fluidificação do muco, por exemplo, são construtivas e fundamentais.

Informações Complementares

Confira as terapias medicamentosas utilizadas no tratamento de hipersecreção em pacientes oncológicos, em cuidados paliativos e, inclusive, em fim de vida:

  1. Indometacina inalatória: início demorado de ação, cerca de cinco dias e cerca de um mês para atingir o efeito máximo de redução de hipersecreção. A duração do efeito é considerada potencialmente duradoura.
  2. Eritromicina: efetividade mantida por semanas a depender da progressão de doença. Dispõe de pouca evidência científica.
  3. Octreotide: dosagem entre 300-500 μg/dia mostrou-se eficaz na redução da broncorreia.
  4. Gefitinib: inibidor da tirosinoquinase, apresenta inicio de ação nas primeiras seis horas e duração prolongada dos efeitos. Droga potencialmente promissora para tratamento da hipersecreção em oncologia.
  5. Erlotinib: inibidor da tirosinoquinase, apresenta efeitos semelhantes ao Gefitinib.
  6. Corticoesteroides: acessíveis, baratos e com pouca evidência científica, porém podem ser usado no manejo da broncorreia.

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Referências:

  • Shen Y, Huang S, Kang J, et al. Management of airway mucus hypersecretion in chronic airway inflammatory disease: Chinese expert consensus (English edition). Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2018;13:399-407. Published 2018 Jan 30. doi:10.2147/COPD.S144312
  • Rémi, C. Et al. Pharmacological Management of Bronchorrhea in Malignant Disease: A Systematic Literature Review. Journal of Pain and Symptom Management,Volume 51,Issue 5,916-925. Published 2016 Mar 12. doi:10.1016/j.jpainsymman.2015.12.335.

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