Em 2025, o diagnóstico da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é tradicionalmente baseado na relação VEF1/CVF pós-broncodilatador inferior a 0,7. No entanto, essa abordagem diagnóstica possui diversas limitações. Uma delas é focar apenas em uma das facetas dessa doença tão heterogênea: a função pulmonar. Nos últimos anos, esforços têm sido feitos para desenvolver uma nova abordagem diagnóstica para a DPOC. É reconhecido que pacientes com DPOC são subdiagnosticados e, consequentemente, subtratados, apesar de a doença ainda ser a quarta principal causa de morte no mundo, com um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Nesse cenário, o professor Surya Bhatt apresentou os resultados de uma subanálise da coorte COPDGene e do CanCOLD COPD, na qual, a partir de uma combinação de critérios maiores e menores, é possível definir o diagnóstico de DPOC, mesmo sem espirometria.
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Quais foram esses critérios?
Critério Maior: VEF1/CVF < 0,7 ou VEF1/CVF < LLN (Limite Inferior da Normalidade).
Critérios Menores:
- Imagem: enfisema ou espessamento brônquico.
- Sintomas: dispneia (mMRC > ou = 2), qualidade de vida (escore SGRQ > ou = 25 ou CAT > ou = 10).
A partir desses critérios, o diagnóstico é estabelecido da seguinte forma: um critério maior mais pelo menos um menor, ou três critérios menores. Na presença de outra comorbidade que possa justificar os sintomas, a imagem deve estar presente como um dos critérios. O objetivo do trabalho foi, portanto, comparar a sensibilidade e especificidade dessa nova metodologia na detecção de pacientes com maior risco de mortalidade, exacerbação e perda de função pulmonar. Esses critérios foram escolhidos porque cada um deles está independentemente relacionado à perda de função pulmonar, mortalidade e exacerbação.
Quais foram os resultados dessa nova abordagem?
O estudo comparou a abordagem atual do GOLD com a nova proposta em relação a alguns desfechos, como mortalidade e exacerbação. Além disso, avaliou-se a concordância entre as duas metodologias para determinar se houve mais ou menos diagnósticos com os novos critérios. De modo geral, esse método diagnóstico permitiu identificar com maior precisão quem tem maior risco de mortalidade, exacerbação e perda de função pulmonar. Em relação à etnia, mais afrodescendentes foram classificados com DPOC, provavelmente devido à interação entre etnia e função pulmonar.
Qual o impacto desse estudo para a área de DPOC?
De modo geral, a DPOC é subdiagnosticada devido ao limitado acesso à espirometria, infelizmente. Depender exclusivamente desse dado muitas vezes impede a identificação de quem está sob risco de um pior desfecho. Assim, associar ferramentas como a tomografia computadorizada de tórax permite identificar a doença não apenas de forma mais precoce, mas também aumentar a chance de diagnóstico em locais sem acesso à espirometria. É claro que há limitações. No entanto, indubitavelmente, a apresentação desses resultados conduz a comunidade médica para um diagnóstico mais preciso e acessível da DPOC.
Mensagens Finais:
- Diagnóstico Atual vs. Novo: O diagnóstico tradicional da DPOC é baseado na espirometria (VEF1/CVF < 0,7); a nova proposta inclui critérios maiores (espirometria) e menores (imagem, sintomas) para identificar a doença.
- Critérios para Novo Diagnóstico: Um critério maior + um menor, ou três critérios menores. Imagem é obrigatória se houver outras comorbidades justificando os sintomas.
- Resultados: A nova abordagem identificou com maior precisão pacientes com risco elevado de mortalidade, exacerbação e perda de função pulmonar, incluindo mais afrodescendentes.
- Impacto: Ajuda a superar o subdiagnóstico da DPOC devido ao baixo acesso à espirometria, permitindo um diagnóstico mais precoce e acessível ao integrar TC de tórax.
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